Em Terra de Robôs, Quem Tem Coração é Rei: A Humanização na Era da Tecnologia em Saúde

Como equilibrar inovação tecnológica e cuidado humano para transformar a experiência hospitalar

Agosto, 2025 – A expressão “Em terra de robô, quem tem coração é rei” deveria ser um norte para toda e qualquer gestão hospitalar. Pois é preciso encontrar um equilíbrio entre a oferta de serviços de tecnologia em saúde e o bem-estar completo do paciente, familiares, e suas jornadas. No Vera Cruz Hospital, em Campinas-SP, bem como na Hospital Care, holding que o abrange, essa máxima é a mais verdadeira: antes de qualquer investimento, pondera-se, fazendo um contraponto à evolução das ferramentas digitais, sobre o benefício humano: quanto mais humanização e personalização trouxer, mais vale a pena.

Por meio de um aplicativo, por exemplo, pacientes têm tudo, literalmente, nas palmas das mãos: acompanhamento de filas no Pronto Socorro, agendamento de consultas e exames de imagem ou laboratoriais, acesso aos respectivos resultados (bem como a liberação a especialistas da unidade apenas mediante aprovação pessoal) e, claro, seu próprio histórico de saúde. Por sua vez, profissionais da medicina podem acessar prontuários para tomar decisões de diagnósticos, condutas e tratamentos. Ganha-se em agilidade e até na realização de exames desnecessários e/ou repetidos.

Nos quartos, tablets e QR Codes funcionam como concierges, unificando informações e preferências para um acolhimento personalizado: além de todos os dados de saúde e histórico médico de cada paciente, reúnem referências psicológicas, religiosas, familiares, crenças e valores para a vida. Portanto, o paciente tem cada característica respeitada e atendida, e as solicitações de rotina são feitas diretamente aos setores responsáveis e com status em tempo real. Por exemplo, ar condicionado (manutenção), enxoval (rouparia) e dieta (nutrição e cozinha). Assim, otimiza-se tempo, equipes de enfermagem ficam menos sobrecarregadas e há profunda melhora na experiência hospitalar.

Ao mesmo tempo, ao implantar um command center, como no nosso caso, ganha-se acesso a todas as 12 mil vidas mensais acolhidas na unidade: pacientes começam o atendimento em um totem, eliminando fases, papéis e burocracias, e o hospital monitora a evolução de cada caso. Além de garantir que a pessoa, qualquer que seja a classificação de gravidade, seja encaminhada a uma unidade específica (UTI, coronariana, CTI, por exemplo), controla-se o fluxo: em caso de alta demanda, desloca-se mais profissionais, sejam de medicina ou enfermagem, para agilizar processos. Afinal, todo hospital é um organismo vivo, como o corpo humano, e a engrenagem precisa funcionar perfeitamente.

Humanas, também, são as mãos dos especialistas em robótica, outra vertente tecnológica que chegou para ficar. Uma expertise que oferece mais precisão, melhor visualização e menores invasividade, perda de sangue, cicatrizes, riscos de complicações, tempo de internação e tempo de recuperação. Atualmente, contamos com dois robôs: o Da Vinci XI que, desde 2018, já soma quatro mil cirurgias; e o Skywalker, ortopédico para próteses de joelhos. Este último, um “alfaiate” capaz de devolver o joelho ao mais perfeito possível, ajustado ao corpo específico do paciente.

Para o futuro, com a consultoria de um núcleo específico da Hospital Care voltado a tecnologias, novas demandas serão agregadas, como hotelaria capaz de fazer o paciente se sentir em casa, acessando os próprios streamings de música e entretenimento audiovisual, a expansão de leitos inteligentes para melhorar a personalização do cuidado; e agendamentos de consultas e exames multiplataforma, por WhatsApp, SMS, telefone, e outros canais.

Portanto, o centro das atenções é voltado a pacientes e familiares. Em uma era em que a geração de dados é cada vez maior, recursos como prontuários eletrônicos, telemedicina, inteligência artificial, cirurgias robóticas, aplicativos e outras ferramentas contribuem para a melhoria do atendimento e a edificação dos processos hospitalares, beneficiando diretamente a população e garantindo segurança e fluidez. Porém, de nada adiantam sem interpretações corretas, qualificação e competência profissionais, inteligência emocional, empatia e capacidade de conexão com o ser humano.

G

Por Gabriel Redondano

anestesista e diretor técnico-médico do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP)

Artigo de opinião

👁️ 67 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar