Deslocamento Forçado em Gaza: A Dor Invisível da Guerra Psicológica e Física

Médicos Sem Fronteiras denuncia tática israelense que agrava a crise humanitária e a saúde mental dos palestinos

A crise humanitária na Faixa de Gaza se aprofunda com a utilização sistemática do deslocamento forçado como uma tática de guerra psicológica e física pelas forças israelenses. De acordo com dados da assessoria de imprensa da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), essa prática tem transformado a região em um cenário de sofrimento extremo para a população palestina, que enfrenta bombardeios constantes, bloqueios quase totais de ajuda humanitária e ordens de evacuação emitidas de última hora.

Desde o rompimento do cessar-fogo em 18 de março, foram registradas 31 ordens de evacuação em Gaza, forçando centenas de milhares de pessoas a se deslocarem repetidamente, muitas vezes sem ter para onde ir. Essas ordens, que chegam por meio de panfletos, redes sociais ou telefonemas, dão prazos curtos para que famílias deixem suas casas, gerando um estado constante de alerta e medo. A imprevisibilidade e a urgência dessas notificações têm consequências devastadoras para a saúde mental dos palestinos, conforme relatam profissionais da MSF que atuam na região.

Claire Manera, coordenadora de emergência da MSF, denuncia que “as forças israelenses estão destruindo todos os meios de vida para os palestinos em Gaza por meio de táticas de guerra física e psicológica. Deslocamentos forçados são parte da campanha de limpeza étnica praticada pelas autoridades e forças israelenses, deixando a população sem opções e sem segurança.” A organização destaca que cerca de 80% do território de Gaza está atualmente sob ordens de evacuação ou restrições militares, sem que nenhuma área tenha sido poupada dos ataques.

Além do impacto físico, o sofrimento psicológico é intenso. Sabreen Al-Massani, psicoterapeuta da MSF e também deslocada várias vezes, relata a angústia de abandonar a própria casa repetidamente, vivendo em ambientes precários e sem acesso a itens básicos como água e mantimentos. “Eu não consigo processar a ideia de abandonar minha casa novamente”, desabafa. O medo constante de ataques, mesmo em áreas consideradas “seguras”, agrava ainda mais a situação, como evidenciado pelo ataque próximo a um centro de saúde da MSF em Khan Younis em 26 de maio.

A organização apela para o fim imediato dos deslocamentos forçados e da campanha que classificam como limpeza étnica, pedindo também que aliados de Israel reconsiderem seu apoio e cumplicidade diante da crise. A situação em Gaza é um alerta urgente para a comunidade internacional sobre os efeitos devastadores da guerra não apenas no corpo, mas também na mente das pessoas.

Este conteúdo foi elaborado com base em informações oficiais da assessoria de imprensa da Médicos Sem Fronteiras.

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