Mais da metade dos adolescentes brasileiros já enfrentou violência sexual on-line, revela pesquisa inédita
Estudo do ChildFund Brasil aponta insegurança digital, falta de orientação e destaca Instagram como plataforma com maior índice de casos
Um levantamento inédito divulgado pelo ChildFund Brasil revela que 54% dos adolescentes brasileiros, o equivalente a cerca de 9,2 milhões de jovens entre 13 e 18 anos, já sofreram algum tipo de violência sexual on-line. Os dados fazem parte da segunda etapa da pesquisa “Mapeamento dos Fatores de Vulnerabilidade de Adolescentes Brasileiros na Internet”, lançada em 15 de maio na Assembleia Legislativa de São Paulo, durante a campanha Maio Laranja, dedicada ao enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.
O estudo, que ouviu aproximadamente 8.500 adolescentes de todas as regiões do país, com maior concentração no Nordeste e Sudeste, aponta que o aumento da idade está associado a um maior tempo de uso da internet e à diversificação dos aplicativos utilizados, o que eleva em até 1,3 vezes o risco de violência on-line para jovens de 17 e 18 anos em comparação aos de 15. Em média, os adolescentes passam quatro horas diárias conectados, principalmente pelo celular e fora do ambiente escolar.
Entre os aplicativos mais citados pelos jovens, Instagram e TikTok lideram como os preferidos, mas o Instagram também foi apontado como o ambiente virtual mais inseguro, com 68% das menções relacionadas a casos de violência. Outros ambientes destacados foram o jogo Roblox, com 12%, e o Free Fire, associado a assédio verbal. A pesquisa identificou 14 formas diferentes de violência on-line, incluindo invasão de contas, pedidos de fotos e dados pessoais, bullying virtual, comentários ofensivos e exposição em grupos.
Apesar de 79% dos adolescentes terem hobbies digitais, e apenas 21% atividades off-line, a pesquisa mostra que 94% deles não sabem como proceder para denunciar casos de violência on-line, preferindo bloquear perfis suspeitos a formalizar denúncias. Essa atitude contribui para a subnotificação dos casos e dificulta ações efetivas de combate. Além disso, apenas 35% dos jovens relataram algum tipo de controle parental sobre suas atividades digitais, enquanto 45% defendem o direito à privacidade on-line.
A insegurança também varia entre os gêneros: 21% das meninas afirmaram sentir-se inseguras na internet, contra 10% dos meninos, e registraram maior incidência de bullying virtual.
Mauricio Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil, destaca que “os adolescentes não se sentem seguros na internet e não têm acesso a uma educação digital estruturada que os prepare para navegar com segurança e denunciar abusos”. O estudo recomenda a implementação de ações integradas, como canais de denúncia acessíveis, campanhas educativas sobre privacidade, apoio emocional nas escolas e capacitação de pais e educadores para identificar sinais de sofrimento.
O ChildFund Brasil reforça a necessidade de políticas públicas mais robustas para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital, incluindo a criminalização de condutas como grooming e sextorsão, e a adoção de tecnologias para detecção de conteúdo abusivo. A organização também defende o acompanhamento das vítimas após a denúncia para evitar novos traumas e favorecer a reintegração social.
Para mais informações, a pesquisa completa está disponível no site do ChildFund Brasil: www.childfundbrasil.org.br.
Este conteúdo foi elaborado com base em dados fornecidos pela assessoria de imprensa do ChildFund Brasil.