Quiet Quitting e o Desafio da Retenção em Equipes Híbridas

Como a “demissão silenciosa” ameaça a produtividade e a cultura organizacional no modelo de trabalho híbrido

A consolidação do trabalho híbrido e remoto impôs um novo desafio às lideranças: manter o engajamento dos times à distância sem comprometer a cultura organizacional. Reter talentos tornou-se questão estratégica. Empresas que não investem em uma cultura forte, mesmo no ambiente digital, correm o risco de perder não só seus melhores profissionais, mas também espaço no mercado.

Dados da consultoria Gallup indicam que 59% dos trabalhadores no mundo estão desengajados, enquanto 18% relatam completa falta de motivação. Esse fenômeno, conhecido como quiet quitting ou “demissão silenciosa”, refere-se a profissionais que permanecem formalmente na empresa, mas deixam de se comprometer emocionalmente com suas funções. É fundamental que os líderes entendam que trabalhar remotamente não é apenas uma mudança de local, mas uma mudança na lógica de gestão.

Não basta oferecer dois dias de home office por semana. É necessário redesenhar os canais de comunicação, criar momentos de conexão genuína e garantir que todos tenham clareza sobre metas, entregas e propósito da empresa. Sem isso, o time se dispersa, os vínculos enfraquecem e o senso de pertencimento desaparece.

A retenção de talentos exige três pilares claros: gestão personalizada, cultura organizacional ativa e políticas de flexibilidade coerentes. Um levantamento recente mostra que 87% dos profissionais preferem empresas que oferecem flexibilidade, mas isso não significa ausência de estrutura. Cada pessoa é impactada de forma diferente pelo modelo híbrido. O líder precisa ter sensibilidade para entender essas diferenças e agir com coerência. Gestão não é controle, é conexão.

Empresas que implementam ações contínuas para fortalecer o vínculo entre equipes, mesmo à distância, conseguem melhores resultados. Programas de capacitação, metas claras e momentos estruturados de escuta ativa são essenciais. O ambiente de trabalho deve funcionar como um ecossistema vivo, onde as pessoas sentem que fazem diferença.

A falha em adaptar a cultura ao ambiente híbrido pode comprometer os resultados da organização. Estudos indicam que empresas com colaboradores engajados apresentam até 21% mais lucratividade e 17% mais produtividade em relação à média do mercado. Em contrapartida, a rotatividade causada pela insatisfação tem custo elevado, podendo representar até 50% do salário anual do profissional perdido.

Não existe futuro para empresas que negligenciam o fator humano. Reter talentos não é mais vantagem competitiva, é uma condição de sobrevivência em um mercado dinâmico, exigente e cada vez mais orientado por propósito.

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Por Carla Martins

Vice-presidente do SERAC; formada em Marketing pela ESPM; pós-graduada em Big Data e Marketing

Artigo de opinião

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