Educação Financeira: O Legado Mais Duradouro que um Pai Pode Oferecer

Como ensinar responsabilidade e consumo consciente prepara os filhos para um futuro financeiro saudável

Com o Dia dos Pais chegando, vale uma reflexão sobre o legado da Educação Financeira.

Educação Financeira é o legado mais duradouro que um pai pode oferecer. Conversar sobre dinheiro, planejar o futuro e servir como exemplo de consumo consciente fazem parte da construção de um legado duradouro.

De acordo com a pesquisa “Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?”, realizada pela Serasa em 2023, 85% dos pais e responsáveis falam sobre educação financeira em casa, mas 46% enfrentam dificuldades para abordar o tema. “Falar sobre dinheiro com os filhos não é sobre números, é sobre valores. É sobre ensinar responsabilidade, autonomia e respeito às escolhas”, afirma Thiago Godoy, cofundador da Bem Educação e CEO da Papai Financeiro.

As crianças aprendem muito mais com o exemplo do que com a teoria. Se os pais mostram desorganização, consumo por impulso ou evitam falar sobre dinheiro, isso vai moldar a forma como os filhos lidam com o tema.

Não basta deixar herança, é preciso ensinar a cuidar dela. Muitos pais se preocupam com a herança que deixarão. No entanto, sem educação, esse patrimônio pode ser mal administrado. Thiago alerta: “ensinar filhos a cuidar de um eventual legado é tão importante quanto planejá-lo”. O envolvimento precoce, por meio de pequenas responsabilidades financeiras, prepara adolescentes e jovens para lidar com valores reais de forma responsável.

A pesquisa da Serasa mostra que 61% dos brasileiros acreditam que a educação financeira deve começar na infância. Ainda assim, 18% só começam a abordar o assunto ‘finanças’ quando os filhos já são adolescentes, após os 12 anos, justamente quando os riscos de endividamento e influências externas, como apostas e compras por impulso, se intensificam.

Hoje, jovens convivem com uma avalanche de propaganda, influenciadores e plataformas de apostas que estimulam o consumo desenfreado. Isso exige que os pais não apenas falem sobre finanças, mas ensinem princípios de consumo consciente e a habilidade de dizer “não”. Thiago enfatiza que, dizer “não” é deixar claro que dinheiro tem limite, valor e propósito. Isso pode ser aprendido desde os 3 anos, mas é ainda mais urgente na adolescência.

Mesada, conta digital e aprendizado progressivo
A prática da mesada é recomendada como ferramenta pedagógica. Segundo a mesma pesquisa, 39% dos pais fornecem mesada e entendem seu valor como instrumento educativo.

Thiago recomenda um processo gradual:
– Dos 3 aos 5 anos: aprender a esperar gratificação, brincar com notas fictícias e fazer tarefas simples
– Dos 6 aos 11 anos: mesada em dinheiro físico, planejamento de compras pequenas
– A partir de 12: pode-se fazer uso de conta digital ou cartão controlado pelos pais, introdução à poupança, conta ou investimentos leves

Iniciativas como a coleção “Financinhas”, desenvolvida por cooperativas financeiras, ajudam a ampliar o repertório das famílias. Os materiais incluem livros, animações e atividades que ensinam desde cedo a diferença entre desejo e necessidade. Já para adolescentes, rodas de conversa e o método 50-30-20 são algumas das estratégias que ajudam a introduzir planejamento e equilíbrio.

Thiago destaca a necessidade de educar para o consumo crítico: precisamos ensinar nossos filhos a reconhecer propaganda, manipulação e o fascínio rápido dos jogos de aposta. O consumo consciente começa quando damos ferramentas para pensar antes de clicar, parcelar ou apostar.

Com o Brasil batendo recordes de endividamento familiar e 92% dos aposentados dependendo exclusivamente do INSS, ensinar finanças vai além da educação. É preparar herdeiros capazes, cidadãos conscientes e consumidores críticos.

Thiago resume: “educar financeiramente os filhos é dar a eles a possibilidade de escolher, de sonhar e de conquistar sem se endividar. É garantir que a herança material venha acompanhada de autonomia.”

Neste Dia dos Pais, vale lembrar que o maior presente não é uma herança financeira, mas sim a bagagem do saber. Ensinar filhos a cuidar, planejar, resistir à tentação e valorizar escolhas conscientes é parte do que significa ser um pai presente. Dinheiro também é assunto de pai, e a educação financeira é o legado mais duradouro que um pai pode oferecer.

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Por Anaí Camargo

Artigo de opinião

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