Por que os jovens talentos estão rejeitando cargos de liderança nas empresas

Entenda como a Geração Z está transformando o conceito de sucesso profissional e o futuro da liderança corporativa

Dados recentes da assessoria de imprensa da ESIC Internacional, com insights do consultor de carreira Alexandre Weiler, revelam uma mudança significativa na relação dos jovens talentos com cargos de gestão. Segundo pesquisa da CoderPad, 36% dos trabalhadores da área de tecnologia, especialmente da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), não desejam assumir posições de liderança. O motivo principal? O alto custo emocional e pessoal que esses cargos acarretam, que não compensa diante da prioridade que essa geração dá ao equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.

Durante muito tempo, alcançar cargos de CEO ou gerência foi sinônimo de sucesso profissional, com a promessa de melhores salários, maior poder de decisão e prestígio. No entanto, para a Geração Z, o trabalho deixou de ser apenas uma fonte de renda para se tornar uma extensão da identidade e do propósito pessoal. Conforme destaca Alexandre Weiler, “o jovem talento busca autonomia, propósito e qualidade de vida, não falta de ambição, mas uma ambição diferente”.

Além disso, o relatório da consultoria McKinsey aponta que a Geração Z representará 25% da força de trabalho global até o final de 2025, trazendo consigo valores que priorizam causas sociais, ambientais e a saúde mental. Dados do Future Forum mostram que 45% dos gerentes intermediários sentem-se exaustos, um quadro agravado pela pandemia, que impôs desafios inéditos como a coordenação de equipes híbridas e a gestão de crises. “A figura do gerente ficou marcada como alguém sobrecarregado, cobrado e criticado, o que faz muitos jovens questionarem se vale a pena seguir esse caminho”, explica Weiler.

Outro fator que contribui para a rejeição aos cargos de liderança é a perda de identidade profissional. Muitos jovens não querem abrir mão do que gostam de fazer para assumir funções administrativas que os afastam de suas paixões. “O programador brilhante que vira administrador de equipe ou o designer talentoso preso em reuniões intermináveis perdem sua essência, e isso não é mais aceitável para a nova geração”, afirma o consultor.

A saúde mental também é um ponto crucial. Segundo a McKinsey, 27% da Geração Z relatam que ambientes de trabalho hostis impactam negativamente seu desempenho, contra 16% das gerações anteriores. Para esses jovens, um ambiente organizacional acolhedor, inclusivo e respeitoso é fundamental para a produtividade e o bem-estar. Eles não aceitam mais trocar saúde mental por estabilidade ou crescimento.

Além disso, a consciência social é muito forte: no Brasil, 69% dos jovens acreditam que podem promover mudanças sociais e ambientais por meio das empresas onde trabalham, índice superior à média global. Isso reforça a necessidade de as organizações incorporarem responsabilidade social e sustentabilidade em suas práticas, não apenas em discursos.

Por fim, Weiler ressalta que a liderança não está desaparecendo, mas se transformando. O líder ideal para a Geração Z é um facilitador, que inspira, ouve e promove a colaboração, conquistando autoridade pela confiança e respeito, e não pelo cargo. “Estruturas horizontais, lideranças humanizadas e foco no desenvolvimento pessoal serão essenciais para atrair e reter esses talentos”, conclui.

Essa mudança de paradigma exige que as empresas repensem seus modelos de gestão para construir um futuro corporativo mais saudável, inclusivo e alinhado aos valores das novas gerações. Quem entender essa transformação estará à frente na construção das organizações do amanhã.

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