Saúde mental em foco: evento no HC destaca a importância da integração das ciências para o cuidado integral

Mais de 200 profissionais debatem abordagens interdisciplinares para diagnóstico e tratamento na psiquiatria

No último sábado, 17 de maio de 2025, o Instituto de Psiquiatria (IPq) e o HCX da Faculdade de Medicina da USP realizaram o evento “Interfaces da Psiquiatria”, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo. A iniciativa inédita reuniu mais de 200 profissionais de diferentes áreas das ciências humanas para discutir a integração entre psiquiatria, sociologia, antropologia, filosofia e psicologia no cuidado da saúde mental. O objetivo principal foi fomentar um debate interdisciplinar que incentive o pensamento crítico sobre os modelos atuais de diagnóstico e tratamento psiquiátricos.

Segundo o médico psiquiatra Daniel Barros, professor do Departamento de Psiquiatria da FMUSP e um dos coordenadores do encontro, o evento foi um sucesso ao promover um diálogo transversal entre as diversas abordagens do cuidado em saúde mental. “Quem ganha com isso é o paciente e a sociedade”, destacou. Barros ressaltou que muitas pessoas sofrem sem estar doentes, enquanto outras estão doentes sem saber, o que reforça a importância de um olhar ampliado para o sofrimento e a dor emocional.

Outro coordenador do evento, o psiquiatra Gustavo Castellana, também do IPq, explicou que o encontro abordou quatro temas centrais da psiquiatria: sofrimento e doença mental; autismo sob diferentes perspectivas; vícios tecnológicos; e a relação entre psiquiatria e antipsiquiatria. Cada tema foi discutido por especialistas de áreas variadas, enriquecendo o debate.

O teólogo Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista da Água Branca, falou sobre o papel da religião no alívio do sofrimento, enfatizando a importância da prática pastoral para ajudar as pessoas a lidar com medos, frustrações e culpas. Já o psicanalista Christian Dunker questionou as definições atuais do espectro do autismo, destacando que alguns modelos diagnósticos já estão superados e que há um limiar tênue entre o normal e o patológico.

Na mesa sobre vícios tecnológicos, o psiquiatra Hermano Tavares alertou para os efeitos negativos do uso inadequado da tecnologia, especialmente entre adolescentes e adultos, ressaltando que a tecnologia em si não é o problema, mas sim o uso excessivo e compulsivo que pode levar à dependência e comprometer o comportamento.

O evento também trouxe uma reflexão importante sobre a prevenção na psiquiatria. O professor Valentim Gentil Filho, ex-chefe do Departamento de Psiquiatria da FMUSP, destacou que, apesar dos avanços da reforma psiquiátrica no Brasil, a extinção dos leitos hospitalares e a insuficiência dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) deixaram muitos pacientes vulneráveis e sem assistência adequada. Ele defende que os modelos assistenciais priorizem a prevenção primária e secundária, com diagnóstico precoce e intervenções eficazes, para evitar o agravamento dos transtornos mentais.

Este conteúdo foi elaborado com base nas informações fornecidas pela assessoria de imprensa do HCX – HCFMUSP, reforçando a importância de um olhar integrado e multidisciplinar para a saúde mental, tema que ganha cada vez mais relevância na sociedade contemporânea.

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