Quando a cultura pop fere: o alerta da Dra. Taty Ades sobre o impacto de estigmatizar transtornos mentais
Especialista em Transtorno de Personalidade Borderline comenta repercussão negativa da música “Borderline” de Maraisa e reforça a importância do respeito na abordagem da saúde mental
A recente polêmica envolvendo a cantora Maraisa reacendeu um debate fundamental sobre a responsabilidade de artistas e comunicadores ao tratar temas delicados como os transtornos mentais. A divulgação da música “Borderline” nas redes sociais, com frases que estigmatizam negativamente pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), gerou repercussão imediata e preocupante.
De acordo com dados da assessoria de imprensa, a psicanalista Dra. Taty Ades, referência nacional no tratamento do TPB, foi convidada por veículos como Metrópoles e Billboard Brasil para comentar os impactos dessa abordagem inadequada. “TPB não é um adjetivo”, alerta a especialista, ressaltando que o transtorno é uma condição complexa que afeta profundamente a vida emocional e social de quem o possui.
A Dra. Taty destaca que o uso do termo “borderline” como metáfora para comportamentos impulsivos ou para justificar relacionamentos abusivos reforça preconceitos e dificulta a busca por diagnóstico e tratamento adequados. Segundo ela, a banalização do tema em uma música popular causou “profunda angústia e sofrimento em pessoas que já enfrentam o estigma e o julgamento social diariamente”.
O vídeo da música rapidamente viralizou, alcançando milhões de pessoas, o que, segundo a especialista, pode desencadear um “efeito dominó emocional”. Pessoas com transtornos mentais são especialmente sensíveis ao julgamento público, e a estigmatização por figuras públicas pode agravar sintomas de ansiedade e depressão, além de aumentar o medo de buscar ajuda por receio de serem rotuladas ou ridicularizadas.
Dra. Taty Ades reforça a necessidade de responsabilidade social na comunicação sobre saúde mental e sugere boas práticas para artistas e influenciadores: evitar o uso de termos clínicos como adjetivos ou metáforas, buscar orientação profissional ao abordar temas psicológicos e utilizar a arte como ferramenta de informação e apoio, não de estigmatização.
Essa situação evidencia uma ferida antiga: a superficialidade e, por vezes, irresponsabilidade com que a sociedade encara os transtornos mentais. Para a especialista, o caminho para a mudança passa pelo diálogo e pela educação. “Se esse episódio servir para abrir uma conversa mais profunda sobre respeito, empatia e conscientização, já terá cumprido um papel positivo”, conclui.
Assim, é fundamental que a cultura pop e os meios de comunicação reflitam sobre o impacto de suas mensagens, promovendo um ambiente mais acolhedor e informado para todos que convivem com transtornos mentais.