Parkinson ganha novos tratamentos no Brasil: ultrassom focalizado e produodopa prometem mais qualidade de vida

Neurocirurgião da Unicamp explica como tecnologias modernas reduzem tremores e restauram a autonomia de pacientes

A doença de Parkinson, condição neurológica que afeta cerca de 200 mil brasileiros, está passando por uma revolução terapêutica. Novas técnicas como o ultrassom focalizado e a produodopa – medicamento em fase de análise pela Anvisa – estão modernizando o tratamento e oferecendo esperança a quem convive com tremores e limitações motoras.

Ultrassom focalizado: alívio imediato sem cortes
O ultrassom focalizado (FUS) surge como alternativa minimamente invasiva para controlar tremores resistentes a medicamentos. A técnica utiliza ondas sonoras de alta intensidade para modular áreas específicas do cérebro associadas aos sintomas. “É um procedimento cirúrgico sem incisões, com resultados imediatos e recuperação rápida”, explica o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião da Unicamp.

Indicado principalmente para pacientes com tremores predominantes em um lado do corpo, o método apresenta até 60% de eficácia em casos selecionados. “A precisão milimétrica permite destruir núcleos neuronais problemáticos, restaurando a coordenação motora e a independência”, complementa o especialista.

Produodopa: estabilidade medicamentosa 24 horas por dia
Enquanto o ultrassom atua nos sintomas físicos, a produodopa promete revolucionar o controle químico da doença. Trata-se de uma versão subcutânea da levodopa – principal fármaco no tratamento – administrada via bomba portátil. A infusão contínua mantém níveis estáveis do medicamento no sangue, reduzindo as flutuações motoras típicas das fases avançadas.

“Essa abordagem prolonga a janela terapêutica e diminui episódios de ‘congelamento’ motor, quando o paciente perde temporariamente a capacidade de se mover”, destaca Valadares. A previsão é que a terapia seja submetida à Anvisa ainda em 2025.

DBS continua sendo referência para casos complexos
Apesar das novidades, a estimulação cerebral profunda (DBS) mantém seu status como tratamento padrão-ouro para estágios avançados. O implante de eletrodos no cérebro permite ajustes personalizados na modulação de sintomas como rigidez, lentidão e tremores bilaterais. “É a opção mais versátil a longo prazo, especialmente para quem tem múltiplos sintomas debilitantes”, avalia o neurocirurgião.

Acesso e futuro
Embora promissores, esses avanços ainda enfrentam desafios de disponibilidade. O ultrassom focalizado, por exemplo, é oferecido apenas em centros especializados, enquanto a produodopa deve ter custo elevado inicialmente. Para o Dr. Valadares, a democratização dessas tecnologias é crucial: “Precisamos garantir que inovações cheguem além dos grandes centros urbanos, beneficiando pacientes em todas as regiões”.

Combinando precisão tecnológica e conhecimento médico, essas terapias reforçam um novo paradigma no cuidado com o Parkinson: menos intervenções invasivas, mais personalização e foco na qualidade de vida. Para milhões de pacientes e familiares, cada avanço representa um passo rumo à reconquista da autonomia e da participação social.

*Créditos: Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional da Unicamp e referência em tratamentos de neuromodulação. Informações: @drmarcelovaladares.*

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