Quanto custaria o ingresso do show de Lady Gaga se não fosse gratuito?
Especialista analisa o valor dos shows de música e como o gosto musical reflete a identidade do público
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No próximo sábado (3), Lady Gaga sobe ao palco no Rio de Janeiro para um show gratuito que promete ser um dos maiores eventos pop do ano. Com uma carreira repleta de prêmios, incluindo 14 Grammys e um Oscar, a cantora atrai milhares de fãs ávidos por vê-la de perto — sem precisar pagar por isso. Mas e se o show não fosse aberto ao público? Quanto custaria um ingresso?
Uma conta simplificada, baseada no custo total da produção (R$ 92 milhões) e no número estimado de espectadores (1,6 milhão), sugere que cada ingresso deveria custar R$ 57,50 para cobrir os gastos. No entanto, essa é apenas uma estimativa teórica, já que grandes eventos envolvem custos adicionais e buscam lucro. Na realidade, o valor provavelmente seria muito mais alto.
A inflação dos ingressos e o público de elite
Nos últimos cinco anos, os preços dos ingressos para shows subiram cerca de 50%, segundo dados da BBC. Nos EUA, o fenômeno foi batizado de *”funflation”* — a inflação do entretenimento. Para comparação, em 2012, os ingressos do show de Lady Gaga no Brasil custavam a partir de R$ 190. Já em 2024, uma entrada para o Rock in Rio chegava a R$ 795.
Apesar dos valores elevados, os shows continuam atraindo um público fiel, especialmente entre a elite brasileira. Uma pesquisa do site MeuPatrocínio revelou que 45% das pessoas com alta renda (média de R$ 90 mil mensais) frequentam concertos regularmente.
O gosto musical como extensão da identidade
Segundo Caio Bittencourt, especialista do MeuPatrocínio, o gosto musical vai além do entretenimento: ele reflete a identidade e o estilo de vida das pessoas. *”Esses gostos geralmente refletem o que as pessoas buscam em termos de cultura, tornando-se uma extensão de quem são e dos ambientes em que vivem”*, explica.
No caso de Lady Gaga, mesmo que o show fosse pago, a atração permaneceria forte entre seus fãs, que veem na artista não apenas uma cantora, mas um símbolo de autenticidade e ousadia.
Enquanto o público se prepara para o grande evento gratuito no Rio, a discussão sobre o valor dos ingressos e o consumo cultural de alto custo segue relevante — mostrando que, para muitos, a experiência de um show vai muito além do preço do bilhete.