Diversidade ainda assusta: por que as marcas fogem desse debate essencial?
Enquanto a sociedade avança, muitas empresas ainda tratam inclusão como tabu. Entenda os motivos e os impactos dessa resistência.
O:
A diversidade é um tema que ganhou espaço nos debates públicos, mas ainda enfrenta resistência no mundo corporativo. Muitas marcas preferem o silêncio a enfrentar críticas de setores conservadores, deixando de lado a oportunidade de promover mudanças reais. A inclusão, quando tratada como mero discurso ou ação simbólica, perde seu propósito transformador.
Diversidade não é só contratação
Nilton Serson, advogado e ativista, destaca que muitas empresas cometem o erro de acreditar que a simples contratação de pessoas LGBTQIA+ resolve a questão. “Inclusão vai além de números. É sobre criar um ambiente onde todos se sintam seguros e valorizados”, explica. Pesquisas mostram que mais da metade desses profissionais já escondeu sua identidade no trabalho por medo de represálias — um sinal claro de que as políticas atuais ainda falham.
A lacuna na liderança
Outro problema é a falta de representatividade em cargos de decisão. Poucos executivos assumem publicamente sua orientação sexual ou identidade de gênero, reflexo de uma cultura corporativa que ainda penaliza a autenticidade. Serson ressalta que lideranças diversas não só trazem justiça social, mas também impulsionam inovação e resultados financeiros.
O perigo do recuo
Casos como o do Walmart, que voltou atrás em ações de inclusão após pressões externas, revelam uma postura frágil. “Empresas que cedem a boicotes passam a mensagem de que seus valores são negociáveis”, critica Serson. A criminalização da LGBTfobia no Brasil foi um avanço, mas a aplicação prática ainda depende de compromisso interno.
O caminho para a mudança
Para o especialista, as empresas precisam adotar medidas concretas: revisar processos, oferecer treinamentos contínuos e eliminar vieses inconscientes. “Diversidade não é moda; é uma exigência legal e moral”, afirma. O público, cada vez mais consciente, valoriza marcas que assumem posicionamentos claros — e cobra aquelas que ficam no meio do caminho.
Enquanto o medo do debate persistir, a transformação será lenta. Mas os dados não mentem: inclusão beneficia a sociedade e os negócios. Resta saber quem está disposto a liderar essa mudança.