Apostadores de Bets têm inadimplência duas vezes maior, revela estudo
Perfil tradicionalmente estável, como homens assalariados, agora preocupa instituições financeiras
O:
A popularização das apostas esportivas no Brasil está impactando diretamente a saúde financeira dos consumidores. Um estudo recente da Datarisk, empresa especializada em inteligência artificial para análise de risco, revelou que apostadores apresentam o dobro de inadimplência em comparação com não apostadores. Enquanto o índice geral fica em 3%, entre quem aposta regularmente a taxa salta para 5%.
O fenômeno das apostas, que movimenta mais de R$ 120 bilhões anuais no país, está alterando o perfil de risco tradicional. Homens de meia-idade (média de 34 anos), com carteira assinada (63,9%) e renda média de 4,7 salários-mínimos – antes considerados baixo risco – agora figuram como o principal grupo afetado. “Conseguimos comprovar que o crescimento das apostas esportivas está impactando a inadimplência”, afirma Carlos Relvas, fundador da Datarisk.
Dados do DataSenado reforçam o cenário: 42% dos brasileiros que apostaram no último mês estavam com dívidas em atraso há mais de 30 dias. Com cerca de 22 milhões de apostadores no país (13% da população adulta), o problema ganha proporções alarmantes.
O Banco Central já monitora os efeitos no sistema financeiro. Em audiência na CPI das Apostas Esportivas, o presidente Gabriel Galípolo alertou sobre o uso crescente de crédito consignado e pessoal para financiar apostas. “Identificamos um fenômeno relevante do ponto de vista do comprometimento de renda”, disse.
Para mitigar os riscos, instituições financeiras estão adotando o “Score de Probabilidade de Aposta”, ferramenta que prevê a chance de um cliente apostar nos próximos três meses. Em um banco parceiro, a solução reduziu a inadimplência esperada em mais de 10%.
O estudo serve como alerta para consumidores e instituições. Enquanto apostadores enfrentam crédito mais caro ou negado, o sistema financeiro precisa se adaptar a essa nova realidade. “Estamos diante de uma transformação no comportamento do consumidor de crédito”, conclui Relvas.
A Datarisk, responsável pela pesquisa, é uma startup de tecnologia reconhecida como uma das 100 mais inovadoras da América Latina, com soluções adotadas por grandes instituições financeiras.