Implantes dentários: por que o titânio ainda é a escolha mais segura?
Especialista desmistifica a odontologia biológica e explica os riscos de optar por zircônia sem embasamento científico
O:
A popularização da chamada “odontologia biológica” nas redes sociais tem gerado debates acalorados entre profissionais e pacientes. Prometendo tratamentos “naturais” e livres de materiais convencionais, essa corrente não reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) levanta preocupações sobre desinformação e riscos à saúde bucal. Um dos temas mais polêmicos? A escolha entre implantes de titânio e zircônia.
Odontologia biológica: moda ou risco?
Segundo o periodontista e especialista em biomateriais Dr. Jamil Shibli, a odontologia biológica não possui respaldo científico e frequentemente associa-se a práticas pseudocientíficas. “Profissionais que se autointitulam especialistas nessa área podem estar sujeitos a penalidades éticas”, alerta. As críticas aos métodos tradicionais, como implantes de titânio, são baseadas em argumentos sem comprovação, como a suposta superioridade da zircônia em resistência e biocompatibilidade.
Titânio vs. Zircônia: o que diz a ciência?
Enquanto defensores da odontologia biológica afirmam que a zircônia é mais estável e menos propensa a infecções, estudos mostram que:
– Implantes de titânio têm décadas de comprovação clínica, com excelente osseointegração (fixação ao osso) e versatilidade em diferentes casos.
– Zircônia, embora esteticamente atraente, apresenta menor resistência mecânica e maior risco de fraturas em áreas de alta pressão mastigatória.
Ambos os materiais estão sujeitos à peri-implantite (inflamação ao redor do implante), e a zircônia não oferece vantagem significativa contra adesão bacteriana.
Por que o titânio ainda é a melhor opção?
Além da eficácia comprovada, o titânio é mais acessível financeiramente e possui um histórico de sucesso em longo prazo. “A zircônia pode ser uma alternativa em casos específicos, mas falta evidência robusta para substituir o titânio como padrão-ouro”, explica Shibli.
O perigo da desinformação
O crescimento dessas tendências nas redes sociais preocupa, pois pacientes podem ser levados a escolhas prejudiciais baseadas em apelos emocionais e não em ciência. “Consultórios bonitos e discursos persuasivos não substituem décadas de pesquisa”, reforça o especialista.
Na dúvida, a recomendação é sempre buscar profissionais registrados no CFO e priorizar tratamentos com embasamento científico. Saúde bucal não é lugar para experimentos.
*Por Jamil Shibli, periodontista e referência em biomateriais. Crédito: Divulgação*