A presença feminina na tecnologia: os desafios e a visão de Cristina Boner
Em um evento recente sobre tecnologia, Cristina Boner, uma das empresárias mais influentes do setor no Brasil, abordou o crônico déficit de profissionais de tecnologia da informação (TI) e destacou o baixo percentual de mulheres ocupando esses cargos. Com falas incisivas, Boner chamou a atenção para o desequilíbrio de gênero em uma área que enfrenta uma alta demanda por mão de obra qualificada.
Segundo Cristina Boner, o déficit de mulheres na tecnologia não é apenas um reflexo de escolhas individuais, mas de barreiras culturais e estruturais. “Tem que haver uma mudança cultural. A área de tecnologia exige muita disponibilidade. Por quê? Porque realmente os sistemas dão problemas. A gente tem que ter disponibilidade para trabalhar à noite, fim de semana. É uma área muito pressionada por prazo, por entrega”, afirmou.
Ela destacou que essa realidade se agrava para as mulheres devido à desigualdade na divisão das tarefas domésticas. Dados recentes do IBGE confirmam essa desigualdade: enquanto as mulheres dedicam, em média, 21 horas semanais a atividades domésticas, os homens contribuem com apenas 10 horas. Essa carga adicional dificulta a entrada e a permanência das mulheres em setores que exigem alta flexibilidade e disponibilidade.
“Ou as mulheres trocam o horário do dia para a noite, no trabalho, ou vice-versa. Mas a mudança tem que ser cultural”, enfatizou a empresária Cristina Boner.
Boner também defendeu a criação de iniciativas voltadas para aumentar a participação feminina na tecnologia. “O que eu venho propondo? Que existam movimentos de incentivo para a mulher entrar no mercado de trabalho e tecnologia”, disse. Para ela, as mulheres possuem qualidades que as tornam especialmente competentes no setor. “Elas são dedicadas, detalhistas, extremamente leais e cumprem prazos. O problema que mais atrapalha é a atividade doméstica.”
Cristina Boner acredita que mentorias e programas voltados para capacitação são essenciais para mudar o panorama. “A gente tem que trabalhar mentorias, programas de incentivo, colocar a mulher mais absorvida no contexto da necessidade dela num grupo para fazer uma mudança para o mundo”, declarou.
A empresária encerrou sua participação no evento com um apelo por uma transformação social ampla. “Precisamos mudar a forma como a sociedade enxerga o papel da mulher no mercado de trabalho. A visão de que a mulher não é capaz de ocupar cargos de alto nível em TI é ultrapassada. As mulheres têm competência de sobra, mas precisam de suporte para enfrentar os desafios estruturais.”
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