Melanoma: avanços e atenção constante!
por Vinícius Corrêa da Conceição - oncologista do Grupo SOnHe
Neste mês de junho, quando a conscientização sobre o melanoma ganha destaque em razão da campanha Junho Preto, a medicina trouxe para a sociedade uma boa notícia, apresentada no maior Congresso Oncológico do mundo, realizado em Chicago (EUA), o American Society of Clinical Oncology (ASCO). Um estudo chamado NADINA demonstrou que a imunoterapia realizada antes da cirurgia para a retirada do melanoma diminui muito a chance de ressurgimento da doença. Trata-se de um estudo promissor, que certamente vai mudar a prática clínica nos consultórios dos oncologistas.
A aplicação do protocolo foi realizada em pacientes com melanoma localmente avançado e comparou essa nova prática com a prática convencional. A plateia de oncologistas do mundo inteiro pôde se certificar que esse deve ser o novo caminho a ser seguido. Ou seja: uma inovação recebida com bastante otimismo por nós, oncologistas, que acompanhamos a jornada dos nossos pacientes no tratamento contra a agressividade do melanoma, uma doença responsável por duas mil mortes por ano no Brasil. Sim, o melanoma é pouco incidente e representa apenas 4% de todos os tumores de pele. Contudo, é uma doença perigosa, que apresenta altas chances de metástase.
Desta forma, embora novos estudos em busca da cura ou de tratamentos mais efetivos sejam sempre motivo de comemoração, é fundamental conscientizar a população sobre a ameaça que significa o melanoma. Essencial também é focar na prevenção, que inclui a já tão comentada proteção solar. Adulto, pele branca, mais de 40 anos, morador das regiões Sul e Sudeste. Esse é o perfil mais frequente de pacientes que descobrem ter melanoma no Brasil.
E mesmo junho sendo o mês que marca a chegada do nosso inverno, temos que reforçar a necessidade da proteção contra o sol. Por mais que não estejamos na piscina ou na praia, precisamos ter o hábito de usar o filtro solar e outros acessórios como bonés e chapéus. A incidência dos raios ultravioleta existe independentemente da estação do ano.
Outra atitude importante é ter muita atenção com as pintas e as manchas na pele. Mudanças de cor, tamanho ou forma, coceira, sangramento ou inflamações devem ser investigadas com cuidado pelo médico.
O estudo apresentado em Chicago foi aplicado em pacientes no estágio III da doença, considerado localmente avançado, e demonstrou eficiência. Trouxe mais esperança e confiança no tratamento para essa fase. Porém, vale sempre reafirmar que quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores as chances de cura do melanoma, assim como da maioria dos casos de câncer.
*Vinícius Corrêa da Conceição é oncologista do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, de Campinas-SP. Formado em Medicina e com Residência Médica em Oncologia pela Unicamp, é coordenador geral da Oncologia do Hospital Santa Tereza. Atua também no Centro de Oncologia Vera Cruz e na Oncologia do Hospital PUC-Campinas.