Novidade no Brasil, mapeamento genético de pets chega a Curitiba
Médica veterinária e professora do UniCuritiba explica as vantagens do exame na identificação precoce de doenças; inovação será abordada nas aulas de medicina preventiva
Curitiba está na vanguarda quando o assunto é saúde animal. O mapeamento genético de cães e gatos, uma novidade no Brasil, já está disponível na cidade. O exame ajuda a identificar riscos genéticos e a cuidar da saúde dos pets de forma preventiva. Além da oferta em clínicas especializadas, a inovação ganhará espaço também nas salas de aula: estudantes do UniCuritiba vão se aprofundar no tema em projetos da disciplina de medicina preventiva.
A médica veterinária Ana Elisa Arruda Rocha explica que o mapeamento permite identificar variações genéticas, além de descobrir as origens (ancestralidade) do animal. “Com essas informações em mãos, associadas às condições de saúde do animal, é possível descobrir a propensão a doenças e traçar um plano preventivo, ou mesmo direcionar um tratamento que forneça melhor qualidade de vida para o animal”, diz a professora da disciplina de Clínica Médica de Cães e Gatos e Práticas Veterinárias do UniCuritiba – instituição que faz parte da nima Educação, uma das maiores organizações de ensino superior do país.
Outra vantagem, explica Ana Elisa, é a oportunidade de entender melhor a hereditariedade de doenças genéticas (aquelas passadas de pais para filhos) e evitar que a prole herde doenças. “Com o mapeamento genético podemos identificar todas as alterações genéticas que não são encontradas em exames comuns, já que essas alterações são muito pontuais no DNA”, ensina a professora.
Com o resultado do mapeamento em mãos fica mais fácil prevenir algumas doenças ou, pelo menos, ter seus efeitos minimizados ou postergados, graças à possibilidade de um tratamento direcionado, que forneça melhor qualidade de vida ao animal. “É importante reforçar, no entanto, que este não é um exame que fornece um diagnóstico. Ele permite que o veterinário estabeleça os exames e tratamentos de maneira focada no problema, podendo evitar uma doença ou garantir o bem-estar do animal.”
Por meio do exame, por exemplo, é possível analisar variantes no gene MDR1. Essa variante causa defeito em uma proteína que desempenha papel importante na limitação da absorção e distribuição de alguns medicamentos. “Os cães que carregam essa variante são assintomáticos até serem expostos a algumas drogas, como a acepromazina, butorfanol, doxorrubicina, doramectina, emodepside, eritromicina, ivermectina, loperamida, milbemicina, moxidectina, paclitaxel, rifampicina, selamectina, vinblastina, vincristina e podem ter reações adversas graves”, comenta a veterinária.
Ancestralidade
Segundo Ana Elisa, outra vantagem do mapeamento genético é a viabilidade de o tutor obter um relatório sobre a raça e os ancestrais de seu bichinho, com informações sobre características físicas, estimativas de peso ideal e também temperamento.
O teste pode ser feito em animais de raça ou sem raça definida. No caso de tutores que adotaram um pet sem raça definida, o exame colabora com informações sobre composição racial, possível temperamento e características físicas. Já quem adquiriu um cão ou gato de raça consegue checar se a linhagem é mesmo pura e investigar se uma eventual doença pode ter sido de origem genética.
“O mapeamento genético é interessante para quem tem dúvida quanto ao pedigree, além de ser útil para os canis, que poderão evitar o cruzamento entre matrizes com genes de risco para algumas doenças. Dessa forma, a chance de os filhotes terem doenças hereditárias reduz consideravelmente. Para isso, usamos o maior banco de dados de referência de raças do mundo”, conta.
Os EUA foram pioneiros em mapeamento para pets. No Brasil, o exame é uma novidade. “Temos um parceiro americano que faz esse tipo de exame de DNA há pelo menos três anos. Por lá, já foram mais de três milhões de mapeamentos realizados”, conta a médica veterinária
da clínica Puppies Personal Vet. “O serviço chegou para integrar uma série de evoluções que vem ocorrendo na área de veterinária nos últimos anos.”
Novas tecnologias
Exames e tratamentos que antes eram realizados somente em humanos hoje também são utilizados pela Medicina Veterinária, como a tomografia computadorizada, ressonância magnética, quimioterapia e radioterapia.
“Da mesma forma, os profissionais vêm se capacitando para as novas tecnologias. Hoje, há uma gama de especialidades veterinárias. Com os avanços da genética na veterinária, espera-se que, em breve, tenhamos profissionais também dedicados a essa área, como geneticistas”, acredita Ana Elisa.
O teste que analisa a sequência do DNA de cães e gatos é realizado de forma indolor, utilizando um swab estéril (semelhante a um cotonete) para a coleta de células da mucosa bucal. O resultado sai em 40 dias após a chegada da amostra em laboratório. O valor do exame varia de acordo com o pacote escolhido.