Em Curitiba, oftalmologistas organizam atividade que faz participante vivenciar as dificuldades da cegueira

A experiência é uma das ações organizadas pelo 66º Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO2022) que acontece na capital paranaense e tem como objetivo conscientizar a população sobre os riscos das doenças oculares

O envelhecimento da população traz consigo a exigência de cuidados especiais com a saúde. No caso do aparelho da visão, duas doenças oculares estão chamando a atenção dos especialistas porque podem levar à cegueira se não forem diagnosticadas em seu começo. São a retinopatia diabética e o glaucoma, que estão no centro das discussões do 66º Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO), por serem de difícil diagnóstico e estarem em crescimento em todo o país.

“Essas são algumas das doenças mais preocupantes quando falamos sobre perda total da visão. São problemas de caráter progressivo, portanto, o diagnóstico precoce é essencial para garantir a eficiência dos tratamentos e evitar quadros clínicos mais graves”, alerta o presidente do CBO, Cristiano Caixeta Umbelino. Essas doenças são os principais responsáveis pela perda irreversível da qualidade da visão e acometem, sobretudo, pessoas com idades mais avançadas.

As doenças são chamadas de silenciosas porque não dão sinais muito cedo e quando percebidas pode ser tarde demais. No caso Paraná, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que a retinopatia diabética cresceu de 124 mil casos em 2013 para 147 mil até maio deste ano, quando ainda faltavam sete meses para o fim do período, como mostra o quadro abaixo.

No total, nos últimos dez anos o Paraná registrou 1,9 milhão de procedimentos voltados ao diagnóstico da retinopatia diabética. Apenas em 2021, o Estado produziu 281.360 exames diagnósticos relacionados à doença no SUS, o melhor resultado em 10 anos.

No caso do glaucoma, a taxa de registro da doença no SUS também cresceu exponencialmente. O glaucoma é a principal causa de cegueira evitável no mundo. A partir de consulta ao banco de dados oficial do SUS, identificou que 5.701 paranaenses foram internados para tratamento do glaucoma entre janeiro de 2012 e maio de 2022. Em 2018 o estado registrou o maior número de notificações dessa natureza por ano, alcançando a marca de 1.010 internações para o tratamento da doença.

Ao longo da série histórica, Curitiba concentra 1.484 notificações, o equivalente a 26% do número total do Estado. Também ganharam destaque os municípios Londrina (746), Cambé (184), São José dos Pinhais (133) e Colombo (130). Confira abaixo o detalhamento dos números referentes à morbidade por glaucoma nos dez municípios mais expressivos no estado do Paraná.

Os números de casos das doenças podem ser ainda maiores, uma vez que 38% (23.438.521) das notificações a nível nacional estão relacionadas ao recorte geográfico “Ignorado/exterior”. Outra indicação de inconsistência na distribuição geográfica dos dados é que, em 2013, não há registros referentes aos procedimentos executados no Paraná. “Por isso, é preciso ficar atento às medidas preventivas relacionadas a essas doenças, que costumam ameaçar a visão dos pacientes mais velhos”, disse Caixeta Umbelino.

Dos registros referentes ao Paraná, 28% (536.452) foram associados a Curitiba. Além da capital, também se destacam os municípios de Londrina (124.220), Maringá (79.351), Campo Largo (67.738), Cascavel (58.827) e Foz do Iguaçu (38.047). Confira na tabela a seguir o detalhamento dos números de procedimentos diagnósticos referente ao comportamento da retinopatia diabética no Estado.

Casa dos Sentidos – Uma estrutura montada no Jockey Plaza Shopping, em Curitiba (PR), permite que visitantes experimentem os desafios diários enfrentados por pessoas com deficiência visual. A estrutura simula uma casa real (com cozinha e quarto) completamente escura em seu interior. Os visitantes são convidados a realizar pequenas tarefas, que fazem parte do cotidiano, inclusive das pessoas desprovidas de visão. Ao final de cada visita, espera-se que os participantes sejam capazes de entender ações necessárias à inclusão de pessoas com deficiência visual, bem como a importância da adoção de medidas para manutenção da saúde ocular.

A chamada Casa dos Sentidos é uma iniciativa que integra a programação do 66º Congresso Brasileiro de Oftalmologia (CBO2022), e pretende fortalecer a conscientização acerca dos problemas decorrentes das doenças oculares, que, sem diagnóstico e tratamento adequados, podem provocar até a cegueira.

Para o oftalmologista Carlos Moreira Júnior, um dos presidentes da Comissão Executiva do CBO2022, a sensibilização é uma das principais etapas do processo de conscientização acerca do tema. “As pessoas poderão experimentar a ausência da visão, vivenciando, mesmo que momentaneamente, desafios diários enfrentados por pessoas cegas ou com baixa visão. Esperamos que isso potencialize o interesse em entender a importância de investir em medidas precoces relacionadas às doenças que afetam os olhos”, explica o especialista.

A experiência da ausência total da visão está aberta até o dia 10 de setembro, das 11h às 23h no Jockey Plaza Shopping, no Tarumã (Rua Konrad Adenauer, 370). A estrutura da Casa dos Sentidos esta localizada no piso L1. O local oferece estacionamento pago (para verificar a tabela, consultada o site do Jockey Plaza).

O participante receberá um cartão com uma tarefa a ser realizada no interior da casa e, ao final, um folder educativo com informações sobre os cuidados relacionados à proteção da visão. A ação é voltada ao público adulto e cada visita terá duração de dez minutos. As inscrições podem ser realizadas no local, momentos antes da experiência.

Com essa ação, que conta com a parceria da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal (SBVSN), também se busca sensibilizar a população para a importância da inclusão social daqueles que vivem com deficiências de visão.

Cartilha – Ao final da visita à Casa dos Sentidos, os participantes recebem uma cartilha com informações essenciais acerca da baixa visão. O material, produzido pelo CBO especialmente para a ação executada em Curitiba, destaca que, apesar do avanço tecnológico das terapias para as doenças oculares, a deficiência visual continua presente em importante parcela da população mundial e acarreta repercussões pessoais e socioeconômicas que podem ser significativas na vida de pessoas que vivem sob essa condição.

O material educativo traz detalhes sobre como se classificam as doenças oculares, além de dicas úteis para pessoas que vivem com baixa visão. A cartilha alerta, ainda, para a necessidade do acompanhamento médico regular de pessoas com deficiência visual. Para especialistas do CBO, é fundamental que esses pacientes sejam direcionados para ações de reabilitação, estabelecidas a partir das necessidades individuais e de acordo com o impacto da deficiência visual sobre a vida dessas pessoas.

 

ACESSE A “Baixa visão – é importante você saber”

https://cbo.net.br/2020/admin/docs_upload/102937Folderbaixavisao.pdf

 

Retinopatia diabética – Os números da doença podem ainda ser maiores, uma vez que 38% (23.438.521) das notificações a nível nacional estão relacionadas ao recorte geográfico “Ignorado/exterior”. Outra indicação de inconsistência na distribuição geográfica dos dados é que, em 2013, não há registros referentes aos procedimentos executados no Paraná.

Dos registros referentes ao Paraná, 28% (536.452) foram associados à Curitiba. Além da capital, também se destacam os municípios de Londrina (124.220), Maringá (79.351), Campo Largo (67.738), Cascavel (58.827) e Foz do Iguaçu (38.047). Confira na tabela a seguir o detalhamento dos números de procedimentos diagnósticos referente ao comportamento da retinopatia diabética no Estado.

A retinopatia age sobre os pequenos vasos da retina e pode levar à perda total da visão se não for tratada a tempo e sua causa está relacionada, sobretudo, ao descontrole da glicemia em pessoas com diabetes. Cristiano Caixeta explica que os primeiros sintomas da retinopatia diabética não são alarmantes, mas podem evoluir gradativamente até a cegueira.

“A princípio, os efeitos na visão são praticamente imperceptíveis, no entanto, o perigo é grande, porque se trata de uma doença progressiva e com efeitos irreversíveis. A pessoa com diabetes convive com um problema multifatorial e o oftalmologista compõe o quadro de especialistas essenciais na manutenção da sua saúde”.

No caso do glaucoma, doença ocular surge em consequência do aumento da pressão intraocular e a perda da visão ocorre pela destruição gradativa do nervo óptico, estrutura que conduz as imagens da retina ao cérebro. Assim como a retinopatia diabética, o glaucoma é um problema silencioso e progressivo, o que reforça a importância da realização precoce dos exames para o seu diagnóstico.

Voluntariado – O 66º Congresso Brasileiro de Oftalmologia acontece de 7 a 10 de setembro, no Expotrade Convention Center, localizado no município de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O maior evento da especialidade no Hemisfério Sul contará, ainda, com programação científica robusta, composta por especialistas e pesquisadores nacionais e internacionais. O evento é uma oportunidade para que oftalmologistas possam se atualizar sobre inovações e tendências voltadas ao aprimoramento da especialidade.

Durante o congresso também será realizado a partir do dia 8, em conjunto com a ONG Renovatio, o projeto “Pequenos Olhares CBO”, ação de atendimento oftalmológico a crianças e adolescentes matriculados na rede pública de ensino do Paraná. A iniciativa conta com o apoio do Ministério Público do Paraná, Conselho Tutelar, Vara da infância e da Juventude e da Fundação de Ação Social, além da prefeitura de Pinhais e das secretarias de ensino e saúde. Serão realizados atendimentos oftalmológicos a alunos previamente cadastrados por intermédio das instituições parceiras, com a entrega de óculos aos pequenos pacientes que precisarem de correção de erros refrativos.

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