‘Brazilian butt lift’: pioneiro da lipoaspiração no Brasil, explica como a cirurgia de aumento dos glúteos vem causando mortes no EUA
O procedimento, feito por celebridades como Kim Kardashian e Britney Spears, é realizado de forma irresponsável no território americano com técnicas fatais aos pacientes
Se você acompanha as novidades no mundo da estética, com certeza já ouviu falar no “Brazilian Butt Lift” ou lipoescultura, como é chamada no Brasil. A cirurgia, que virou febre entre as celebridades internacionais como Kim Kardashian e Britney Spears, consiste no enxerto de gordura na área dos quadris. Porém, nos Estados Unidos, o procedimento vem causando mortes em pacientes. Dr Luiz Haroldo, pioneiro da lipoaspiração no Brasil, explica a causa dessas fatalidades:
“O Brasil foi pioneiro na lipoescultura, e com o tempo a operação se popularizou pelo mundo. Nos Estados Unidos, por sua vez, usaram uma técnica diferente da nossa. Lá, eles injetam grande quantidade de gordura sob pressão, o que pode causar lesões nas veias e a morte por embolia gordurosa. Enquanto aqui colocamos no máximo 400 ml de gordura, os americanos usavam quase 2 litros, o que é muito arriscado para o paciente.”
Inicialmente, não havia leis para controlar os médicos que realizavam o procedimento no exterior, o que tornava casos mais suscetíveis a complicações:
“Os cirurgiões americanos faziam cursos rápidos para fazer a BBL, não havia tempo para aprender corretamente. No início eram realizadas cerca de 10 intervenções por dia nos consultórios, sem nenhum limite. Aqui temos congressos para orientar os profissionais, além de limitações, tornando a preparação dos médicos brasileiros muito melhor.”
Então, como garantir a segurança do paciente durante a lipoescultura? Com mais de 40 anos de experiência, Haroldo alerta que certos cuidados são fundamentais para o sucesso da cirurgia: “É necessário escolher um cirurgião plástico, que seja membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e que você conheça pacientes anteriores. É importante também o médico pedir exames físicos e de laboratório para diminuir riscos. Com esses cuidados, as chances de acidentes são bem menores, até porque no Brasil nós temos cursos e orientações que ensinam a evitar qualquer tipo de complicação.”
O poder e perigo das redes
A busca pelo corpo perfeito vendido nas redes sociais persegue jovens e adultos ao longo dos anos. Sempre insatisfeitos com sua aparência, pacientes que não possuem conhecimento desejam inserir mais gordura do que o indicado na BBL para alcançarem o corpo dos sonhos. Segundo o profissional, essa limitação deve partir do médico:
“O sonho do corpo perfeito sempre existiu. Quem precisa dosar a quantidade de gordura usada na lipoescultura é o cirurgião, que com sua experiência consegue avaliar para termos uma técnica perfeita com o melhor resultado possível. Precisamos nos amar primeiro, e entender que cada corpo é diferente e tem suas limitações.”
Nos Estados Unidos, o procedimento se popularizou após as Kardashians aparecerem na mídia com grandes volumes nos glúteos. O médico alerta o perigo de se deixar influenciar pelo mundo das celebridades:
“As Kardashians colocam gordura não só no glúteo, mas nas ancas também. Isso influencia as americanas e pessoas de toda parte do mundo a querer esse volume, que vão ter problemas se colocarem grandes quantidades.”
Mas não são apenas os pacientes que podem sofrer com a influência americana. De acordo com Haroldo, apesar dos cuidados com a intervenção no Brasil, há profissionais que se arriscam: “No Brasil a letalidade é evitada, sempre temos orientações. Mas, às vezes, temos cirurgiões que se aventuram e injetam grandes quantidades ao serem influenciados por médicos dos Estados Unidos. Por isso, escolher um bom profissional experiente é essencial para ter um resultado fantástico.”