Rosácea aumenta risco de inflamação crônica nas pálpebras e olho seco
Doença afeta cerca de 5% da população e em 20% dos casos há manifestações oculares
A rosácea é uma doença inflamatória crônica da pele que se caracteriza por vermelhidão, espinhas e vasos sanguíneos na zona central do rosto. Estima-se que a rosácea afeta cerca de 5% da população adulta, sendo mais prevalente entre os 30 e 50 anos. Apesar de ser uma condição dermatológica, 20% das pessoas com o diagnóstico de rosácea podem apresentar os sintomas oculares.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular, a manifestação ocular mais comum da rosácea é a blefarite, seguida da disfunção da glândula meibomiana (MGD). Esses pacientes também podem ter terçol de repetição, calázio e problemas na córnea.
“A blefarite é uma inflamação crônica que afeta as pálpebras. Ela pode ocorrer devido a uma infecção por ácaros ou bactérias, ou ainda pode ser secundária ao bloqueio das glândulas de Meibômio. Entre os principais sintomas da blefarite estão vermelhidão nas pálpebras, inchaço, coceira, ardência, formação de crostas, perda de cílios e olhos grudados pela manhã”, aponta a médica.
Relação pode estar ligada a processos inflamatórios
A rosácea altera o sistema imunológico que pode liberar substâncias (citocinas pró-inflamatórias) que podem agravar a blefarite e a disfunção das glândulas de Meibômio. Outro ponto é que os pacientes com rosácea apresentam um número muito alto de ácaros Demodex (D. brevis e folliculorum), principalmente nas regiões das pálpebras e cílios.
“Essa infestação também agrava a inflamação, pois esses micro-organismos liberam substâncias nocivas que provocam ainda mais inflamação nas pálpebras. Além disso, esses ácaros podem bloquear fisicamente a glândula meibomiana, induzindo à formação de um calázio – nódulo na pálpebra causado por obstrução e inflamação da glândula meibomiana”, acrescenta Dra. Tatiana.
Olho seco também entra na conta da rosácea
O olho seco é uma condição muito comum e sua prevalência aumenta com a idade. Basicamente, trata-se de uma doença que altera o filme lacrimal. Um dos componentes da lágrima é a gordura produzida pelas glândulas de Meibômio, o meibum. Ele é responsável por evitar a evaporação rápida da lágrima. Isso garante uma boa lubrificação da superfície ocular.
“Mas quando as glândulas estão obstruídas, ocorrem alterações na qualidade e na quantidade do meibum. Isso por sua vez pode causar sintomas de olho seco em indivíduos afetados pela rosácea”, aponta Dra. Tatiana.
Luz intensa pulsada pode levar à remissão dos sintomas
A blefarite e a meibomite precisam ser tratadas, pois podem evoluir e afetar a córnea, bem como outras partes do globo ocular. Atualmente, um dos tratamentos que mais tem apresentado resultados efetivos e prolongados é a luz intensa pulsada.
“A tecnologia tem um efeito térmico que ajuda a desobstruir as glândulas, reduz a inflamação e consegue reduzir ou até eliminar a infestação dos ácaros Demodex. Uma curiosidade é que a luz intensa pulsada, primeiramente, foi usada para tratar as doenças de pele, como a rosácea. Durante as pesquisas, os médicos descobriram que os pacientes que passavam pelo tratamento apresentavam melhora dos sintomas oculares”, conta Dra. Tatiana.
A aplicação da luz intensa pulsada é um procedimento rápido e indolor. Ao todo, devem ser realizadas de três a quatro sessões, a cada 15 dias. Em geral, os pacientes apresentam remissão dos sintomas por tempo prolongado.
“Como a rosácea é, comprovadamente, um fator de risco para o desenvolvimento da blefarite e da disfunção das glândulas meibomianas, o ideal é que o paciente procure ficar atento aos sintomas e procurar um oftalmologista assim que possível”, finaliza Dra. Tatiana.