Saúde do canal auditivo: melhor maneira de mantê-la é evitar introduzir materiais na região para retirar cerume
Erroneamente associado à falta de higiene, o cerume – encontrado nos ouvidos de qualquer pessoa – é alvo sistemático das mais diversas tentativas de limpeza, seja com uso de hastes flexíveis ou com outros instrumentos, como as velas que ganharam repercussão na internet por prometer limpar todo o canal auditivo. Tamanha preocupação faz sentido? Segundo a otorrinolaringologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Eloá Lumi Miranda, não.
“O cerume é um produto derivado da ação do próprio corpo e reúne substâncias capazes de prevenir alguns tipos de infecção. Portanto, sua presença não é sinal de sujeira ou de falta de higiene”, conta a médica. “É essencial, por isso, estar atento a evitar produtos que podem criar uma ilusão de limpeza, como é o caso das velas. Quando elas são aplicadas, muito do conteúdo que depois é eliminado são resíduos da própria vela ao invés de cerume”, diz.
Além disso, a aplicação de produtos no canal auditivo pode implicar risco à saúde, provocando desde cicatrizes até, em casos mais graves, a perda permanente da audição. “Independentemente do material que estamos falando, quando introduzido profundamente no canal auditivo, há riscos sérios à audição. Por isso, nem mesmo o uso sistemático de hastes flexíveis é recomendado”, complementa. “Somente em casos de produção excessiva de cerume é indicado o processo de limpeza, no entanto, sempre no consultório e com supervisão médica”, explica a profissional.
Para quem não convive com quadro de produção de cerume em excesso e quer ter certeza de que o ouvido está limpo, a dica é não deixar a região úmida. Para isso, o ideal é, após o banho, ainda com a tolha, secar a área externamente até onde o dedo consegue alcançar. “Nunca introduza nada no canal auditivo na tentativa de limpá-lo. As hastes flexíveis, embora presentes no dia a dia, retiram a oleosidade natural da pele e podem empurrar o cerume para perto do tímpano, machucando. Ou seja, além de não retirar a substância, pode trazer incômodos e consequências mais graves”, conclui.