Traumas oculares na infância podem levar à cegueira
Cerca de 40% dos acidentes oculares ocorrem na infância, entre os 2 e 6 anos
Embora os olhos estejam localizados dentro de uma cavidade óssea, a parte frontal fica totalmente exposta. Por isso, a região ocular apresenta um risco maior de ser afetada por um trauma ou uma lesão que podem trazer consequências sérias para a visão.
As estatísticas apontam os objetos pontiagudos, contusões e substâncias químicas como as causas mais comuns de traumas oculares em crianças. Essas lesões, segundo estudos, são as principais causas de cegueira monocular (perda da visão em um dos olhos) entre crianças.
“Infelizmente, esses acidentes podem acontecer em qualquer lugar, principalmente na escola e em casa”, diz a oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo
“Em geral, traumas mais severos podem causar arranhões na córnea ou até um descolamento da retina. Outro resultado é o desenvolvimento de glaucoma e catarata precoce, dependendo da gravidade da lesão”, comenta.
Atenção com os PETs
Apesar do convívio com PETs ser importante no desenvolvimento da criança, os pais precisam orientar as crianças quanto ao tipo de carinho e cuidado com os animais.
“Aves, por exemplo, podem bicar ou arranhar os olhos. Cães e gatos também podem causar ferimentos, seja por arranhadura ou pela mordida”, comenta Dra. Marcela.
Ainda na área de seres vivos, é preciso também tomar cuidado com plantas venenosas, pontiagudas e que soltam líquidos potencialmente perigosos.
Perfuração e queimadura química
Um dos acidentes oculares mais comuns é a perfuração ocular. Essa lesão pode ser proveniente de objetos pontiagudos, como lápis, canetas, tesouras com ponta, estilingues, armas que atiram água etc.
“As crianças também podem ferir os olhos a partir do contato com produtos de limpeza, medicamentos, fogo e álcool gel. Durante a pandemia, ocorreram muitos acidentes com álcool gel devido à altura dos totens localizados nos estabelecimentos comerciais”, esclarece Dra. Marcela.
Os esportes também entram na lista das causas mais prevalentes de acidentes oculares.
É comum atender crianças que levaram uma bolada durante uma partida de futebol ou até mesmo que tomaram uma pancada do irmão durante uma brincadeira de mão em casa”, relata a médica.
Trauma ocular é emergência médica
De acordo com Dra. Marcela, uma lesão ocular é uma urgência médica. Isso significa que os pais precisam levar a criança em um pronto-atendimento oftalmológico.
“É contraindicado aplicar qualquer tipo de medicamento na lesão. Caso tenha sido um acidente com substância química, como o álcool gel, a recomendação é lavar com água durante uns 15 minutos e ir para o hospital”, reforça.
Caso o trauma tenha sido mais severo, será necessário fazer um acompanhamento regular com um oftalmopediatra para prevenir o desenvolvimento de outros problemas, como o glaucoma, por exemplo.
Ensine, ensine, ensine
As crianças precisam de repetição para aprender certas coisas. Normalmente, elas não têm nenhuma ou pouca noção do perigo. Por isso, cabe aos pais orientá-las para prevenir os acidentes.
- Ensine a criança a não colocar o rosto próximo dos animais na hora de brincar
- Evite brinquedos pontiagudos e explique que é preciso tomar cuidado ao usar lápis e canetas
- Não permita que a criança tenha brinquedos como estilingues, armas que soltam jato de água, espadas etc.
- Mantenha produtos químicos fora do alcance da criança, bem como medicamentos em forma de pomadas ou colírios
- Opte por plantas sem espinhos, pontas e que não sejam tóxicas
- Preste atenção nos móveis com quinas, objetos de decoração pontiagudos etc.
- Oriente a criança a não coçar demais os olhos, pois isso pode causar um trauma na pálpebra. A consequência é o desenvolvimento da ptose palpebral (queda). Outro resultado da fricção constante é o ceratocone, uma doença ocular grave que pode causar perda importante da visão
“A saúde ocular na infância merece muito atenção dos pais e responsáveis. Os acidentes podem acontecer em qualquer lugar, principalmente dentro de casa e em situações corriqueiras. Todo cuidado é pouco”, finaliza Dra. Marcela.