Incontinência urinária em atletas; especialista explica a condição que pode se agravar com a prática esportiva
A incontinência urinária atinge cerca de 5% da população brasileira (homens e mulheres) – segundo a Sociedade Brasileira de Urologia – e é conhecida mundialmente como “câncer social”, por causar, na maioria dos casos, constrangimento e isolamento, podendo levar à depressão. No Brasil, mais de 10 milhões de pessoas apresentam algum tipo de incontinência e muitos não procuram ajuda médica por achar que o problema é normal ou natural da idade ou por acreditar que não há tratamentos efetivos.
De acordo com o urologista Gustavo Wanderley, especialista de Recife e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, a incontinência urinária pode ser agravada pela prática de exercícios de alto impacto, por conta da pressão na bexiga devido ao grande esforço realizado inclusive durante seus treinamentos físicos. Além disso, o impacto causado pela incontinência nos atletas, ultrapassa o aspecto físico e interfere também no psicológico, por conta do constrangimento que um escape de urina possa causar durante as atividades, inclusive podendo interferir no rendimento e até mesmo no abandono das atividades.
Pensando em amenizar o desconforto de atletas – sejam eles profissionais ou não, o especialista traz algumas práticas que podem colaborar com a rotina:
Mantenha os exames de rotina em dia
Por ser um tema que não fica muito em evidência, principalmente por conta do constrangimento, poucas pessoas costumam fazer os exames de rotina regularmente a partir do primeiro sintoma. Pensando nisso, é importante manter o check up sempre em dia, para monitorar desde o início qualquer problema no esfíncter e no assoalho pélvico.
Incontinência não é comum em nenhuma idade
A incontinência urinária não é uma consequência normal da idade, apesar do envelhecimento trazer alterações estruturais na bexiga e no trato urinário que podem favorecer o aparecimento da condição. O tipo mais comum é a Incontinência Urinária de Esforço (I.U.E.), caracterizada pela perda de urina ao rir, tossir ou em qualquer movimento ou esforço. A I.U.E. atinge exclusivamente mulheres e pode ocorrer por fraqueza do esfíncter e do assoalho pélvico, além de múltiplos partos ou queda do hormônio feminino após a menopausa. Já nos homens, as principais causas de perda urinária são a deficiência esfincteriana após a prostatectomia radical (perda de urina após cirurgia para tratamento do câncer de próstata) e a bexiga hiperativa (contrações involuntárias de forte intensidade da bexiga que levam a escapes de urina).
Procure uma solução definitiva
Engana-se quem acredita que a condição não tem cura. Nas mulheres, nos casos mais simples, é possível fazer fisioterapia para ativar a musculatura, entre outros tratamentos. Nos casos moderados a graves, há um procedimento cirúrgico para aplicação de slings, malhas que sustentam a uretra.
Já para tratar a incontinência em homens, existem tratamentos eficazes que permitem a volta do funcionamento do esfíncter. “Nos pacientes mais complexos, como homens que perdem o funcionamento do esfíncter após a prostatectomia radical, é possível substituir o esfíncter com uma cirurgia, utilizando um esfíncter artificial, tecnologia disponível e acessível no Brasil”. Para casos mais leves, ainda existem os slings masculinos, que também trazem excelentes resultados a longo prazo, finaliza o especialista.