Como transformar raiva em compaixão
A minoria da população é má. Perceba: a minoria comete crimes.
A maioria de nós procura ser bom, procura fazer o certo, acertando e errando, falhos como somos.
Em relação a essa minoria, temos que nos apiedar. Não é uma tarefa fácil. Sua Santidade Dalai Lama diz que a compaixão nem sempre é visceral. Por estes seres que consideramos “maus” ou “errados”, o visceral é sentir raiva, rancor, querer vingança ou justiça.
Como transformar esses sentimentos em compaixão? Precisamos praticar.
Uma pessoa que pratica o mal não está bem. É uma pessoa que precisa de ajuda, que está presa a algo que prejudica os outros e a ela mesma.
E por que deveríamos nos compadecer?
Muitas vezes, a mídia se refere aos monges e monjas como “pessoas que não matam nem mesmo uma formiga”. É verdade, eles não usam veneno para matar formigas, nem qualquer outro ser vivo.
Isso porque, se queremos um mundo mais puro, precisamos colocar menos veneno no mundo. Isso é válido para veneno contra insetos, mas igualmente para ganância, raiva, ignorância, maledicência e ódio.
Não estamos livres desses sentimentos. Percebemos que existem em nós, mas praticamos o oposto deles para vencê-los. Percebo e reconheço o ódio, mas pratico o amor. Percebo e reconheço a ganância, mas pratico a doação e o desapego.
Percebo e reconheço a raiva, mas pratico a compaixão. Compaixão não significa passar a mão na cabeça; ela tem várias faces. Atos de compaixão também não se restringem a apoiar grandes projetos humanitários que beneficiam comunidades carentes, pessoas doentes e vulneráveis.
Precisamos ser verdadeiros e assertivos. Agir com simplicidade e objetividade, buscando a ação adequada para a situação que se apresenta. Temos que sair de nosso mundo individual e sentir as reais necessidades dos outros, verdadeiramente.
Ver os lamentos do mundo e atender aos chamados.
Dos animais queimados nos grandes incêndios serem salvos, dos doentes serem tratados, dos famintos serem alimentados, dos sem-roupas serem vestidos, dos sem-sapatos serem calçados, dos sem-amor serem amados.
Acolher, reconhecer, sentir, identificar-se, cuidar. É espalhar o bem.