Estética x saúde: os cuidados no uso de remédios para emagrecer
“O mais importante é a avaliação racional por parte do médico que vai prescrever a medicação, indicando para quem realmente precisa, respeitando as contraindicações. A sibutramina, por exemplo, não é milagrosa, e não substitui a dieta balanceada e a prática de atividade física”, ressalta.
Procure orientação médica
Muitas vezes o desejo de emagrecer passa primeiro por uma questão estética, e os cuidados com a saúde são deixados de lado. No entanto, avalia Camila, o paciente precisa estar ciente de que só mudando os hábitos de vida é que os medicamentos podem ajudar no processo de emagrecimento.
“A avaliação médica e nutricional é parte fundamental nesse processo. Temos que entender que os medicamentos podem auxiliar, mas o paciente precisa realinhar sua alimentação, praticar atividade física regularmente e entender que os novos hábitos não precisam ser durante só um período, e sim pela vida inteira. Infelizmente a venda indiscriminada desses medicamentos torna fácil o acesso da população a esses inibidores, mas os efeitos colaterais existem, e é bom ficar atento a isso também. Não vale a pena arriscar a saúde pelo simples fator estético”, acrescenta a especialista.
Sibutramina, um dos mais conhecidos
A sibutramina é um dos medicamentos mais usados para emagrecer. Ela atua sobre o sistema nervoso central, em uma região do cérebro responsável pelo controle da fome e da saciedade. Ocasiona redução da ingestão alimentar, principalmente por promover sensação de saciedade.
Segundo Camila, o remédio é indicado como terapia adjuvante de parte de um programa de controle de peso para pacientes obesos com um índice de massa corpórea (IMC) ≥ 30 kg/m2.
“Ele não causa dependência química. Desde que se respeitadas as contraindicações à medicação, é considerada uma medicação segura”, complementa.
Mas existem as contraindicações. Veja as principais::
– Hipertensão não controlada adequadamente (níveis pressóricos acima de 145/90 mmHg);
– Doenças do coração como angina, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e arritmias;
– Doença cerebrovascular como acidente vascular cerebral (AVC) ou aneurisma cerebral;
– Doença vascular periférica (problemas de circulação);
– Diabetes mellitus tipo 2 concomitante a doença coronariana ou fatores de risco para doença cardiovascular como hipertensão, dislipidemia (colesterol alto), tabagismo e doença nos rins;
– História ou presença de transtornos alimentares, como bulimia e anorexia;
– Doença psiquiátrica (depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, etc).
Também não é indicado para tratamento da obesidade infantil, nem para adolescentes e idosos acima de 65 anos.
A maior parte dos efeitos colaterais ocorre no início do tratamento com sibutramina (durante as primeiras quatro semanas). Os efeitos, em geral, não são graves, e são reversíveis, sendo os mais comuns: constipação, boca seca, insônia, taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), palpitações, aumento da pressão arterial/ hipertensão, náuseas, tonturas, cefaleia (dor de cabeça), ansiedade/irritabilidade, sudorese/transpiração excessiva.
Fluoxetina: ansiedade e depressão
A Fluoxetina é outro medicamento bem conhecido da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina, um neurotransmissor importante que influencia no sono, apetite, atividade sexual e humor; entre outros. É indicada para o tratamento de depressão e ansiedade, podendo ocasionar perda de peso a curto prazo, principalmente nos seis primeiros meses de uso. Geralmente após esse período ocorre a recuperação do peso perdido, não sendo por isso indicada para tratamento da obesidade.
Camila listou os principais efeitos colaterais e lembrou da cautela do uso do remédio em alguns grupos.
“Náuseas, insônia, redução da libido, impotência sexual, diarreia, redução do apetite, sonolência e ansiedade são algumas das consequências. Vale lembrar, também, da precaução no uso em gestantes, pessoas com histórico de convulsão e transtorno bipolar”, reforça a especialista.
O medicamento é contraindicado para pacientes alérgicos à fluoxetina e para aqueles que estiverem utilizando outros inibidores da monoaminoxidase – IMAO (outra classe de antidepressivos).
Orlistat: digestão das gorduras
O Orlistat é um inibidor das lipases gastrintestinais, enzimas que auxiliam na digestão das gorduras. Ele inibe a absorção de aproximadamente 30% das gorduras ingeridas em uma refeição, sendo eliminadas nas fezes.
De acordo com a endócrino, em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica ele é indicado para o tratamento de pacientes com sobrepeso ou obesidade.
“É uma medicação segura, já que não é absorvido sistemicamente e atua só no trato gastrointestinal”, ressalta a especialista.
As principais contraindicações são para pacientes com síndrome de má absorção crônica, colestase (condição em que o fluxo de bile do fígado diminui ou para) e a pacientes alérgicos ao Orlistat. Flatulência e diarreia com descarga de gordura e urgência fecal (principalmente em pessoas que comem muita gordura são alguns dos efeitos colaterais.
Sobre Camila Luhm
Camila Luhm é graduada em Medicina pela Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR), com residência em Clínica Médica pelo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná (UFPR) e residência em Endocrinologia pelo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tem mestrado em Medicina Interna pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e possui título de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Também é membro da Sociedade Latino-Americana de Tireoide (LATS).