Falta de informação prejudica terapias com cannabis medicinal no Brasil
Uma comissão da Câmara dos Deputados aprovou, em junho, o cultivo e a produção da cannabis para fins medicinais no Brasil. Com isso, avança mais a tramitação de um tema de extrema importância para a saúde da população. O potencial terapêutico da cannabis é enorme, com aplicações em doenças neuropsiquiátricas, gastrointestinais e até em doenças de pele, entre outras. Já há estudos, por exemplo, indicando ação anti-inflamatória em casos de Covid.
Apesar dos passos à frente, o país ainda continua longe de um ambiente que permita explorar todo o potencial dessa planta, na opinião da neurocirurgiã Patricia Montagner, fundadora da WeCann Academy, uma comunidade global e centro de estudos em Medicina Endocanabinoide.
“Temos que avançar bastante na educação, começando pelos médicos”, diz Patricia. Ela conta que grande parte da academia e a maioria das escolas de Medicina ainda ignoram a existência do Sistema Endocanabinoide e a cannabis medicinal como agente modulador desse sistema, apesar dos bons resultados comprovados há décadas. “Precisamos de mais profissionais capacitados para conduzir o processo e consolidar os tratamentos que os pacientes necessitam”.
A neurocirurgiã destaca que a falta de informação e o persistente estigma em relação à cannabis medicinal são obstáculos severos para o progresso na área e ainda aponta os extremismos, tão nocivos quanto a ignorância. “Ativismos dos dois lados, que consideram a cannabis uma planta milagrosa ou um veneno perigoso, contaminam o debate. Além de estimular, é fundamental garantir a qualidade técnica e a imparcialidade da discussão”.
Nesse sentido, Patrícia lembra que, com os avanços na legislação, um mercado potencialmente bilionário está sendo criado em torno da cannabis medicinal e os interesses econômicos serão cada dia maiores. “Mais um motivo para o processo ser guiado pelo conhecimento científico e pela ética, com a finalidade maior de proteger e proporcionar bem-estar aos pacientes”.
A WeCann Academy se posiciona como uma iniciativa de referência na preparação desses profissionais. A instituição, uma comunidade global de estudos em Medicina Endocanabinoide, atua como um centro de estudos que forma e conecta especialistas em todo o mundo para discutir esse conhecimento disruptivo. No Brasil, oferece cursos e espaços para a troca de experiências, além de Certificação Internacional em Medicina Endocanabinoide.
“É necessário capacitar e engajar os médicos para garantir o melhor aos pacientes, ou seja, tratamentos seguros, eficazes e acessíveis”, finaliza a especialista.