Como filantropia pode diminuir as desigualdades sociais
A etimologia da palavra filantropia vem do grego “philos” e “anthropos”, expressões que, conjugadas, podem ser traduzidas como “amor” e “ser humano”. Logo, cabe a interpretação de que filantropia significa amor ao ser humano ou à humanidade.
Ações de empatia e generosidade guiam o conceito de filantropia, a base para a geração de uma sociedade menos desigual e com melhores perspectivas para os menos favorecidos. Compreender o conceito de filantropia e sua importância é essencial para que mais pessoas possam se engajar nessa área.
Em um contexto prático, a filantropia é associada à ideia de pessoas, empresas ou organizações que realizam trabalhos focados em determinada causa ou na melhoria das condições de vida do próximo. Filantropos dedicam tempo e recursos para que aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade tenham suas realidades alteradas, na intenção de promover maior justiça e equilíbrio social.
A função maior da filantropia é diminuir as desigualdades. As ações sociais, assim, são grandes aliadas na busca de um mundo mais justo. É possível notar que a pandemia, ao expor ainda mais a pobreza no país, gerou um boom de solidariedade. Empresas e cidadãos parecem começar a reconhecer que precisamos desenvolver uma visão mais humanista, mais voltada para o coletivo. A redução da desigualdade passa por criar igualdade de oportunidades.
Mas a cultura de doação no Brasil ainda é tímida e tem muito a evoluir. Temos doações na ordem de 0,2% do PIB, segundo o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas). Um número pequeno, quando comparado a países como Estados Unidos, em que a filantropia representa 2% do PIB.
Nos EUA, o líder no ranking de filantropia da CAF (Charities Aid Foundation), os incentivos para doação são mais amplos e abrangentes do que no Brasil. Sem falar que a tradição filantrópica, ali, vem desde meados do século 19, com grandes doações de empresários como Andrew Carnegie e John Rockefeller. Hoje, o mais conhecido filantropo é Bill Gates, o fundador da Microsoft, mas é comum investidores como Warren Buffett, designarem cifras milionárias para projetos de desenvolvimento social em diversas áreas.
É preciso ressaltar que a cultura de doação nos EUA está ligada a fortes incentivos fiscais. Na lei americana, ações filantrópicas podem levar a abatimentos de até 50% do valor total do Imposto de Renda de pessoa física. No Brasil, o teto é de 6%, dinheiro destinado à captação de recursos via leis de incentivos fiscais. O Brasil também é um dos poucos países onde é cobrado imposto sobre doações em casos de herança. Ou seja, o ato de doar, aqui, ainda pode ser tributado.
A credibilidade das instituições também conta bastante. Em um país com altos índices de corrupção, o processo de captação deve ser o mais transparente possível, com divulgação de gastos e de balanços, para que os doadores vejam onde cada centavo está sendo aplicado. É preciso tornar os relatórios acessíveis aos doadores.
Um outro problema no Brasil está na cultura de não se revelar a doação. Precisamos mudar essa visão porque o exemplo é importante. Eu faço questão de divulgar as causas nas quais acredito e com as quais contribuo. Doar é um ato de participação e de cidadania que, quando compartilhado, estimula outros a doar.
Por fim, posso afirmar que a filantropia traz inúmeros benefícios. Sinto um bem-estar enorme ao acompanhar cada ação. A doação sempre volta em dobro, em triplo, de diversas maneiras.
Doar não é favor nem ostentação. Doar é um exercício de cidadania. Para nos tornarmos melhores como sociedade, é preciso que nos envolvamos como indivíduos e empresas, sem esperar que tudo venha da esfera governamental. Basta começar a perguntar.“Como posso ajudar?”.