Queda na realização de consultas em pacientes crônicos já gera descompensação, alertam médicos
O Brasil ultrapassou a marca de 13,5 milhões de infectados pela Covid-19 e mais de 350 mil mortes, com uma ocupação de leitos que ainda se mantém em patamares elevados. Os dados indicam que o sistema de saúde no País continuará sobrecarregado nas próximas semanas e, se as pessoas não se cuidarem, correm o risco de encontrarem uma estrutura lotada.
Mas o problema não atinge apenas os infectados pela Covid-19. “Os pacientes com doenças crônicas como, por exemplo, doença renal, insuficiência cardíaca, doenças pulmonares, pacientes oncológicos e pacientes geriátricos, podem ter impacto a longo prazo se não tiverem acompanhamento adequado”, alerta Lucas Guimarães, gerente médico do BP Vital, rede de clínicas e consultórios da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Um paciente com problema cardíaco, por exemplo, se não acompanhar os níveis de pressão, poderá ter, num período de três a quatro meses, uma descompensação, isto é, alguma alteração que leve à piora dos sintomas”, afirma o médico.
O acompanhamento médico periódico serve para prevenir esse tipo de piora, ajustando os medicamentos, solicitando exames para seguimento dos principais fatores de piora esperados para determinada doença ou reforçando orientações como limitar consumo de líquidos, realização de atividade física, dieta, entre outras.
Segurança reforçada
De acordo com dados da instituição, houve uma queda de 30% no volume de consultas em janeiro, se comparado com o mesmo mês de 2020. E esse número se agravou ainda mais ao longo das últimas semanas, ocasionando uma nova diminuição de mais 30%.
Uma série de fatores pode ter influenciado nessa situação e o primeiro deles é o medo. As pessoas estão com receio de procurarem os serviços de saúde. Com a perspectiva da vacinação, as pessoas também estão postergando a ida ao médico para depois da imunização. Porém, existem casos em que não é possível esperar. E, além disso, todas as grandes instituições de saúde estão trabalhando com um reforço nas questões de segurança, com fluxos específicos para pacientes que necessitam de atendimento. “Aqui na BP nós, inclusive, nós podemos realizar as consultas médicas via videoconferência, as chamadas teleconsultas. E para a realização de exames nós oferecemos o Drive-thru de Exames, em que o paciente sequer tem que sair do carro para fazer a coleta de sangue”, explica Lucas Guimarães.
Apesar de não haver nenhum estudo comprovando isso, no dia a dia dos consultórios os médicos já notam que os pacientes estão chegando mais descompensados, impactando os tratamentos. “Por isso não se deve negligenciar as consultas, mesmo no momento de isolamento, pois pode ser a diferença entre manter-se saudável e necessitar de uma eventual internação”, conclui o especialista da BP.