Israel tentará na próxima terça-feira (23), pela quarta vez em dois anos, eleger seu premiê
Pela quarta vez em dois anos a população de Israel vai às urnas, nesta terça-feira (23), na tentativa de escolher seu primeiro ministro. Isso porque no sistema eleitoral israelense se vota no partido, e o líder do partido mais votado recebe do presidente do país um mandato para formar uma coalizão. Ele só se tornará o novo premiê se conseguir 61 das 120 cadeiras do Knesset, como é conhecido o Parlamento israelense.
Nas três últimas eleições uma coalizão não foi alcançada, e por isso os israelenses voltam novamente às urnas. As regras do sistema israelense estabelecem que o mais votado tem três semanas para formar uma coalizão – podendo pedir mais 12 dias, ou devolver o mandato ao presidente formal, que deverá escolher outro candidato. Caso não consiga formar uma coalizão no prazo, o mandato para formar um governo passa para o Parlamento. Este pode eleger um terceiro candidato se conseguir 61 votos (das 120 cadeiras existentes) e caso o Parlamento não consiga eleger ninguém, novas eleições são convocadas.
Os principais players da eleição desta terça-feira, além do próprio Benjamin Netanyahu, do partido Likud, que ocupa o poder desde 2009, são Benny Gantz (Azul e Branco), conservador em segurança; progressista em valores e costumes, Yar Lapid (Yesh Atid), centro-esquerda, Gideon Saar (Nova Esperança), principal opositor de Bibi, Naftali Bennett (Yamina), direita, religioso, nacionalista e Avigdor Lieberman (Yisrael Beiteinu), da direita nacionalista e laico.
“Na verdade, são vários candidatos, mas apenas dois blocos”, explica André Lajst, cientista político e diretor executivo da StandWithUs Brasil, instituição que busca promover a paz em Israel e no Oriente Médio através da educação. “‘Direita e Esquerda’ em Israel traduz-se por ‘Pró e Contra Bibi’. O bloco contra tem mais de 61 cadeiras e poderia formar um governo facilmente. Mas na política em Israel há sempre surpresas”, ele afirma.
De fato, as pesquisas apontam que nenhum bloco tem um caminho certo para a maioria, o que pode acabar levando a uma quinta eleição ao final do ano. Segundo André, Israel, a única democracia do Oriente Médio, ao procurar garantir a participação no poder de todos os partidos, inclusive aqueles com pouco mais de 3% dos votos, caso do Casa Judaica, Trabalhista, e Nova Esperança, acaba muitas vezes com esses impasses e inconvenientes para se atingir um consenso.
Cuidados especiais na pandemia
Mesmo com todas essas dificuldades, Israel conseguiu se organizar no combate à pandemia. “O País conseguiu manter um planejamento central unificado para se tornar líder mundial na vacinação contra a COVID-19, com 60% de sua população vacinada, sendo 50% já com as duas doses”, afirma André Lajst.
Mesmo assim, cuidados especiais estão sendo tomados para a votação, já que estima-se que entre 40 e 50 mil cidadãos israelenses estarão em quarentena e/ou infectados com Covid-19 no dia das eleições. Como as eleições em Israel são presenciais, esquemas especiais com drive-thru e locais de votação nos hospitais estão sendo organizados para que estas pessoas possam votar. Uma das maiores mudanças foi reduzir drasticamente o número de eleitores nos locais de votação, que tiveram um aumento de 35% por cento, passando de cerca de 11.000 para 15.000. Residências de idosos e os aeroportos terão seus próprios locais de votação. Além disso, todos os que votarem deverão limpar as mãos com desinfetante duas vezes antes de darem seu voto.
Mesmo com todas estas mudanças no processo eleitoral, espera-se que uma prévia dos resultados das eleições seja anunciada já na sexta-feira.