Um ano de Covid: cirurgias oncológicas não podem esperar
Completamos um ano de Covid no Brasil. Um ano de medidas de isolamento social e mudanças drásticas nas rotinas de todos a fim de tentar conter uma pandemia mundial, que já vitimou mais de 250 mil pessoas só no Brasil.
Infelizmente, nem todos os setores puderam interromper os seus serviços neste período. Não havia, e ainda não há previsão para o fim desta situação, e diversos pacientes não podem esperar.
Diante deste cenário, profissionais e diversos setores da saúde trabalharam para se adaptar, criando protocolos seguros e garantindo a continuidade do atendimento a estes pacientes.
“Os pacientes oncológicos foram um dos grupos incluídos nos atendimentos que rapidamente tiveram que ser reestabelecidos. Especialmente aqueles com tumores mais agressivos, ou já com seus tratamentos em andamento”, explica o cirurgião geral e oncológico Dr. Arnaldo Urbano Ruiz.
Um destes casos é a carcinomatose peritoneal, que é a disseminação de um câncer pela cavidade abdominal, avalia o especialista.
“A doença sai de seu órgão de origem e se espalha pelo peritônio, membrana de revestimento interno do abdome.”
A carcinomatose pode se originar em órgãos como ovário, apêndice, intestino grosso (colón), reto, pâncreas, estômago, mama e primariamente do peritônio.
Antigamente não havia qualquer expectativa de cura para o paciente com carcinomatose peritoneal, que levava à morte em decorrência de complicações, como a obstrução intestinal.
Alta complexidade
“A cirurgia para a carcinomatose é extremamente agressiva e de alta complexidade, comparada a transplantes de órgãos. No procedimento, busca-se retirar toda a doença, o que pode levar muitas horas. O paciente passa alguns dias na UTI e depois segue internado por mais algum tempo até a alta hospitalar”, revela Dr. Arnaldo.
Atualmente, o procedimento é realizado em alas especialmente isoladas dos hospitais, mantendo paciente e profissionais envolvidos no procedimento protegidos. Este é mais um dos motivos para que a cirurgia só deva ser realizada em centros com experiência neste procedimento, com uma equipe multidisciplinar especialmente treinada para estas situações.
Além de UTI e centro cirúrgico devidamente equipados, são necessários, na equipe, cirurgiões, cardiologistas, clínicos, instrumentadores, anestesiologistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos preparados e habilitados para cuidar destes pacientes.