Desafios da mulher moderna: equilibrando pessoal e profissional
As mudanças das últimas décadas criaram obstáculos para as mulheres. Equilibrar tarefas familiares e objetivos pessoais e profissionais sem sobrecarregar o corpo e a mente, se tornaram desafios diários. Mesmo em meio às dificuldades, no entanto, aliar a busca pelas realizações com os cuidados com a saúde, principalmente a mental, é essencial, visto que, naturalmente, as mulheres já possuem propensão a determinados tipos de transtornos psiquiátricos.
“Mesmo antes das mudanças de estilo de vida das últimas décadas, os quadros de depressão e ansiedade sempre foram mais comuns em mulheres. A questão hormonal traz alguns momentos de maior risco. É muito comum ver adolescentes com transtornos que coincidem com os primeiros ciclos menstruais e depois da menopausa há um novo aumento na quantidade de problemas. Então ser mulher por si só, já é um fator de risco”, destaca a médica psiquiatra, doutora Regiane Kunz Bereza.
Mas muito além do fator natural, outro fator que tem se destacado em meio a jornada feminina é a autocobrança e a comparação geradas a partir das redes sociais. Ao ver publicações de mulheres com corpos e vidas perfeitas, há distorção da compreensão de realidade e, por consequência, sentimentos diversos surgem.
“Nosso universo se desenvolveu com variadas mudanças e ganhamos mais visão de mundo. Mas ao mesmo tempo, nosso costume de comparação também cresceu. Mulheres possuem mais tendência a fazer isso e acaba ficando difícil se sentir satisfeita com o que se tem. Um traço tipicamente humano é sempre querer mais e essa busca por crescimento aliada a constante exposição aos melhores recortes da vida alheia criam a sensação de incapacidade e de frustração”, aponta a psiquiatra.
Nesse clima adverso, mulheres precisam buscar meios de se manterem saudáveis e em busca de seus objetivos. Segundo a médica, refletir no que se pode fazer de melhor para si e mensurar o próprio caminho, ao invés de avaliar sua trajetória em comparação com a vizinha ou a musa da rede social, é a maneira de se lidar com esse desgaste. Outra forma de aperfeiçoar o desempenho feminino é relacionada ao modo de viver.
“É importante buscar melhorar ao máximo a qualidade de vida. Muitos fatores são negligenciados como atividades físicas e alimentação adequada. Por uma questão de saúde, é indicado comer da forma mais natural possível. Além disso, dormir bem e valorizar o sono de qualidade também ajuda a ter uma saúde física e mental muito melhor”, aconselha a médica.
Está tudo bem em não estar bem!
Segundo a psiquiatra, outro fator importante para manter a saúde em dia e equilibrar com os desafios da vida pessoal e profissional é ter consciência de que é impossível “dar conta” de tudo ao mesmo tempo. Para isso, enumerar tarefas, traçar metas realizáveis e otimizar o tempo disponível para trabalho, família e cuidados pessoais podem ser boas estratégias.
“Mais do que nunca, é preciso que as mulheres compreendam que caso estejam se sentindo mal, é preciso buscar ajuda. Pode ser uma conversa com amigos, um momento terapêutico ao desenvolver um hobby ou mesmo consulta com um médico psiquiatra. Não estar bem o tempo todo é uma realidade, mas caso a sobrecarga seja muito grande e esteja interferindo na qualidade de vida da mulher, buscar ajuda é um caminho”, finaliza a médica.
Segundo dados de 2018 da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem depressão no mundo. Inclusive, o índice de depressivos aumentou cerca de 18% em apenas dez anos. Em relação a ansiedade, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) aponta que o transtorno de ansiedade atinge cerca de 9,3% da população brasileira e a maioria dos afetados são as do sexo feminino.