Revolução à vista na cirurgia estética: células tronco obtidas na lipo já rejuvenescem a pele e podem ser opção para aumento das mamas

Um procedimento e múltiplos benefícios. Assim vem sendo definida a utilização das células tronco obtidas no tecido gorduroso removido na lipoaspiração para novos tratamentos. A técnica é investigada há mais de uma década, mas hoje já é possível utilizar esse valioso material biológico em diversos procedimentos com segurança, incluindo o preenchimento facial, onde estimula a produção de colágeno e confere uma aparência renovada à pele. Estudo recente ampliou ainda mais as possibilidades, com resultados que podem revolucionar a cirurgia de ampliação do volume das mamas: pacientes que receberam o enxerto de gordura “enriquecido” com células tronco tiveram uma taxa média de retenção de 80%, comparada a 45% dos enxertos convencionais, garantindo assim com maior eficácia a aparência desejada.   

 

“Sem dúvida que ainda estamos em uma fase experimental na utilização dessas células, chamadas de células tronco mesenquimais, mas tanto os resultados dos tratamentos que já desenvolvemos no consultório como das pesquisas e estudos clínicos apontam para um horizonte bastante otimista, que pode revolucionar a cirurgia estética e reparadora”, avalia o cirurgião plástico Leandro Faustino, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. “Além de utilizar células tronco do próprio paciente, ou seja com seu DNA, o que elimina o risco de rejeição, é possível obter bons resultados através de um processo totalmente biológico de reprodução celular, e sem utilizar materiais que são, por definição, estranhos ao nosso organismo, como o silicone, por exemplo”. 

 

Outro campo em que as células mesenquimais são aplicadas atualmente com grande sucesso são os tratamentos capilares. “Ao serem enxertadas no couro cabeludo, junto com fatores de crescimento, elas promovem o maior nascimento dos fios e, em vários casos, a melhoria das doenças inflamatórias que acometem essa região, como a psoríase ou a dermatite”, explica a tricologista médica Luciana Passoni, que atua em parceria com Faustino no atendimento a pacientes que apresentam essa demanda especializada. “Não há nenhuma restrição e os resultados têm sido muito satisfatórios, tanto para mulheres como para os homens”, revela.

 

Faustino acrescenta outras indicações importantes: o desenvolvimento de pele para utilização em queimaduras, desenvolvimento de cartilagens e partes ósseas para pacientes acidentados, nas cirurgias reparadoras e reconstrutoras. “As células tronco obtidas do tecido gorduroso removido na lipo são do tipo adultas, ao contrário daquelas obtidas em embriões humanos, que são primordiais, mas não são diferenciadas ainda, ou seja, estão em estágio inicial de desenvolvimento e podem ser direcionadas para se transformar em células especializadas de outras parte do corpo. Essa é a base de uma ciência que se chama engenharia tecidual”, detalha o cirurgião plástico. 

Antes que alguém pense em sair doando suas células tronco mesenquimais para outras pessoas, o especialista alerta que isso não é recomendado para fins estéticos. “Para que alguém receba as células de outra pessoa, é preciso reduzir a imunidade do paciente para evitar que seu organismo ataque o enxerto, que contém o DNA do doador”, esclarece Faustino. “É um procedimento de alto risco e só deve ser realizado mediante a avaliação médica do benefício, como no caso de alguém que tenha sofrido queimaduras de ampla extensão e precise desse auxílio para recompor a pele”, indica. “É importante lembrar ainda que na retirada em si dessas células tronco não há nenhum risco específico, a não ser aqueles inerentes a qualquer intervenção cirúrgica como a lipoaspiração, mas deve haver um cuidado maior na manipulação desse material, sempre em ambientes estéreis, para evitar contaminação, uma vez que será reintroduzido depois no organismo do paciente”, conclui. 

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