Como lidar com o luto durante a pandemia?
Admitir que nós morremos é muito difícil. Estudos mostram que parte das depressões mais difíceis decorrem do luto mal elaborado, interrompido. Ao longo do último ano, em todo o mundo, rituais importantes que marcam essa passagem, como o velório, funeral e missas foram impedidos ou realizados com um número mínimo de pessoas para evitar a contaminação do coronavírus.
“Quando a gente tem o velório sendo impossibilitado devido à pandemia, fica um espaço vazio, em que não vivenciamos a experiência do corpo morto. Há uma marca psicológica deixada em milhares de pessoas impedidas de viver o ritual, que não conseguem compreender que, de fato, aquela pessoa se foi. Isso agrava a dor e traz efeito psíquicos”, explica Rose Benedetti, psicóloga do Hospital São Vicente.
Não poder ver alguém querido pela última vez desperta uma sensação de impotência. “No hospital, buscamos algumas formas para minimizar esse distanciamento. Quando as pessoas permanecem na UTI, fazemos com que os pacientes ouçam áudio das pessoas que amam, abrandando dessa forma também a dor dos familiares”, complementa a psicóloga.
No caso de falecimento, mesmo sem a presença física de amigos e familiares, pelo distanciamento social, é importante compartilhar sentimentos e emoções. Para isso, a sugestão, além das ligações, mensagens e envio de lembranças, é organizar reuniões online para rezar e prestar homenagens ao ente querido.