Obstetra aponta as principais causas do óbito e salienta os riscos da gestação trigemelar
Camila Cassimiro da Conceição, de 32 anos, que deu à luz trigêmeos em Itajaí (SC) no dia 26 de janeiro, morreu dois dias depois, informou o Hospital Marieta Konder Bornhausen, onde os bebês nasceram. O caso ganhou repercussão nacional.
Ela não teve problemas no parto, mas no dia seguinte após seu parto teve sangramentos, precisou passar por uma cirurgia de emergência e foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A causa da morte não foi revelada. Os bebês, Vitória, Breno e Valentina, permanecem no hospital, e estão saudáveis. Além dos trigêmeos, Camila teve mais quatro meninas de 13, 11 e duas de 3 anos. Com o nascimento dos trigêmeos, ela saltou de mãe de quatro para sete. Segundo a unidade de saúde, os três nasceram de 36 semanas de parto cesariana.
De acordo com nota divulgada pelo Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen a paciente Camila, gestante de trigêmeos, teve seu parto cesariana realizado sem intercorrências. No puerpério imediato, a paciente evoluiu com complicações hemorrágicas, havendo necessidade de uma nova intervenção cirúrgica, de emergência. Devido à gravidade do caso, a paciente foi transferida aos cuidados da unidade de terapia intensiva (UTI), apresentando piora clínica e infelizmente evoluindo a óbito.
“Neste caso da gestante Camila, o que houve foi uma síndrome hemorrágica, muito provavelmente por conta de uma atonia uterina – quando o útero perde a capacidade de contrair, e com isso, a hemorragia torna-se muito intensa – O quadro é uma das maiores causas de mortalidade materna infelizmente. É algo muito grave que precisa de atuação rápida e mesmo com todos os recursos, utilizando todos os medicamentos, fazendo cirurgia, infelizmente existem casos de óbito, porque depende das condições da paciente, do tamanho dessa hemorragia maciça e também das condições prévias de saúde de cada paciente (muitas já tem uma anemia de base, alguma alteração que pode piorar esse quadro hemorrágico, e também claro, associado com distúrbio de coagulação” afirma a ginegocologista, obstetra e especialista em saúde sexual, Dra. Erica Mantelli.
Ainda segundo a especialista, a principal causa de mortalidade materna são as síndromes hemorrágicas e as síndromes hipertensivas. As complicações podem acontecer durante a gestação, no momento do parto, ou após o parto. Então neste caso, apesar da gravidez ter transcorrido bem, a cesariana não ter tido complicações no momento, o risco de complicações ainda existe no puerpério (que é após o nascimento).
“A gravidez gemelar por si só já é uma gestação de alto risco, então quanto mais bebês envolvidos na gravidez, sejam gêmeos, trigêmeos, ou mais, com certeza esse risco aumenta. O risco para complicações não só apenas durante a gestação, mas também durante o trabalho de parto e no puerpério, após o nascimento”, conclui Mantelli.