Aderência à academia: por que alguns conseguem e outros não?

O Brasil é um dos grandes polos do mercado fitness no mundo, o segundo em número de academias de ginástica, atrás apenas dos Estados Unidos.

Mas será que basta ter academias? E o fato de se matricular, significa ser um frequentador assíduo? Se as suas respostas forem não, está no caminho certo. Afinal, se esse fosse o critério, os norte-americanos seriam os mais ativos, seguidos por nós, brasileiros, mas isso está longe de ser verdade.

As academias de ginástica/musculação, podem ser potentes aliadas aos exercícios físicos, ou um grande empecilho, se “empregada” de maneira errada aos diferentes perfis de clientes.

Para elucidar essa questão, pensemos que cada indivíduo é composto de várias “caixinhas”, as quais moverão o comportamento em relação à atividade física, assim como tudo na vida, não é mesmo? E temos em nosso convívio os dois extremos, aqueles que não vivem sem ir à academia, e os que pagaram o plano anual, promocional, mas não sabem nem o caminho até lá. Por que um mesmo ambiente pode agradar tanto alguns e tão pouco outros?

A resposta está nas “caixinhas”:

Primeiramente, pense no porquê optou pela academia, qual o seu propósito.

  • Você se conhece o suficiente para saber os reais objetivos em frequentar estes espaços?
  • O que poderia lhe impossibilitar de ir até lá? Tempo? Preguiça? Distância? O ambiente?
  • E o que poderia ser um aliado? Os equipamentos? As aulas coletivas? O contato social? Fins estéticos? Saúde?

 

Todas essas questões são baseadas no que é conhecido no meio científico como, determinantes da atividade física, ou seja, o que faz algumas pessoas fazerem tanto e outras tão pouco. Nesse caso, estamos abordando especificamente as academias, mas pode ser transferido para qualquer contexto, como a caminhada no parque e os esportes, por exemplo.

Enfim, voltemos ao foco, as academias de ginástica. Antes de fechar um plano, reflita e considere as questões citadas, veja seus reais motivos, e quanto mais intrínsecos eles forem, ou seja, algo relacionado como satisfação pessoal, disposição, bem-estar, maior probabilidade terá de se manter ativo e ser beneficiado infinitamente por essa prática. Por outro lado, fatores extrínsecos, como treinar para agradar alguém, são os menos prováveis de darem certo.

Aos que querem frequentar, mas não acham motivação, inicie com atividades que lhe deem o mínimo de satisfação. Tudo é questão de tempo, o importante é criar o hábito de frequentar, assim ficará mais fácil de mudar a rotina de treino, considerando o objetivo inicial. Por exemplo, se o foco é emagrecer, mas não possui o hábito de ir à academia, inicie aos poucos, ache atividades que sejam agradáveis, mesmo que não sejam as mais efetivas para o emagrecimento. Com a adoção do hábito, o professor conseguirá manipular o treino com maestria, baseado nas necessidades fisiológicas e no objetivo.

Desse modo, antes de pagar a academia ou iniciar alguma atividade física, é importante considerar os prós e os contras. Gerenciar as barreiras, para se adequar ao novo hábito e mudar o comportamento. Assim, terá a atividade física no cotidiano, não será algo complexo, apenas mais uma atividade do dia. Do contrário, será uma compra por impulso, que além dos custos econômicos, poderá limitar a participação em exercícios físicos, e custar algo ainda mais fundamental, a saúde.

Autor: Rafael Luciano de Mello é especialista em Treinamento desportivo e prescrição do exercício físico e Gestão em esportes e fitness, professor da área de linguagens cultural e corporal nos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.

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