Em se tratando de beleza, 2020 foi o ano da harmonização facial
O que é perfeição? Uma das definições do dicionário Michaelis diz “Ausência de falhas ou defeitos, em relação a um padrão ideal”. No quesito simetria, a grande referência é o Homem Vitruviano, de Da Vinci. Mas, quando se fala em beleza física, o que seria a perfeição, o que seria o ‘ideal’, uma vez que os padrões do que é belo ou não mudam com o tempo?
No ano de 2020, a era das selfies “quarentenadas”, os procedimentos de harmonização facial têm se tornado cada vez mais populares e, embora não haja dados oficiais da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica sobre isso, pode-se dizer que a harmonização facial está passando por um “hype” de curiosidade. Segundo o Google Trends, ferramenta que monitora as tendências do buscador, as pesquisas pelo termo “harmonização facial” cresceram 540% somente no primeiro semestre de 2020.
A grande motivação por trás da maioria das demandas por harmonização facial é puramente estética. Enquanto algumas pessoas (normalmente mulheres entre 35 e 70 anos) buscam por soluções para melhorar o aspecto envelhecido da pele do rosto e do pescoço, há muitos casos em que os interessados almejam simetria, o que nem sempre significa perfeição. É importante, portanto, procurar por um especialista adequado – os procedimentos de harmonização facial, embora não sejam cirúrgicos, devem ser feitos por cirurgiões plásticos ou dermatologistas – e que saiba dizer ‘não’ quando for necessário e que oriente o paciente da melhor forma. Aplicação de toxina botulínica e preenchimento facial, por exemplo, são procedimentos considerados minimamente invasivos, porém, qualquer complicação que haja pode trazer consequências graves para o paciente se ele não estiver nas mãos de um profissional que está habilitado para lidar com intercorrências: o médico especialista. Em entrevista que pode ser conferida abaixo, falamos com o Dr. Douglas Haddad Filho, Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade de Santo Amaro e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Ele fala sobre o procedimento, seus objetivos e indicações.
O que é harmonização facial?
DH | Harmonização Facial é um conjunto de procedimentos combinados não cirúrgicos realizados, com o objetivo de rejuvenescimento e melhorar traços indesejados da face.
Quais são os diferentes procedimentos dentro desse conjunto?
DH | Podem ser divididos em aplicação de toxina botulínica para preenchimento de lábios e sulcos, fios de sustentação e peelings.
Para quem a harmonização facial é indicada?
DH | A avaliação é caso a caso. Em geral, a harmonização é indicada isoladamente, quando surgem os primeiros sinais de envelhecimento e, também, como tratamento complementar do tratamento cirúrgico da face, ou seja, o lifting facial. Importante salientar, porém, que a harmonização facial não substitui o lifting facial. Cada um tem uma indicação.
Caso o paciente não fique satisfeito, a harmonização facial é reversível?
DH | A reversão é possível em alguns casos e para determinados procedimentos, como nos exageros de volume de preenchimentos de ácido hialurônico, com a infiltração de uma enzima chamada hialuronidase.
Está havendo mesmo um aumento na procura pelos procedimentos de harmonização facial?
DH | Sim, esse aumento vem ocorrendo ano a ano. Entendo que o fato de os procedimentos não serem cirúrgicos, mas mais simples e darem bons resultados, pode ter colaborado para isso.
Qual sua opinião a respeito da simetria? Ela implica em perfeição?
DH | Ter uma face absolutamente simétrica não significa beleza…. a beleza está muito relacionada à naturalidade do resultado. O bom resultado está vinculado ao natural, que preserva as características individuais de cada pessoa. Qualquer coisa que vá além disso, considero um resultado artificial.
Na era das selfies e da beleza em filtros para as redes sociais, qual sua opinião sobre a eterna procura pela aparência perfeita?
DH | A procura pela aparência perfeita vem de muito tempo e sempre foi um verdadeiro desafio. De um lado, o entendimento do processo de envelhecimento nos permite, enquanto médicos e cientistas, desenvolver técnicas cada vez mais aprimoradas. Em contrapartida, é necessário que o paciente sempre tenha em mente um equilíbrio entre o físico e o emocional antes de tomar algumas decisões, e que tenha claro para si mesmo o que está buscando com o procedimento.