Fim de ano revela fragilidades emocionais e destaca a importância do autocuidado consciente na saúde mental
Pressões sociais e comparações intensificam desafios emocionais, especialmente para mulheres, reforçando a busca por práticas éticas e acolhedoras de autocuidado
O encerramento do ano reúne celebrações e rituais de passagem, mas também amplia a sensibilidade emocional. Levantamentos do Mental Health America indicam aumento de relatos de exaustão emocional, ansiedade e queda da autoestima no fim do ano, sobretudo entre mulheres adultas, mais expostas a jornadas múltiplas e cobranças sociais.
O período tende a amplificar fragilidades já existentes. O fim de ano funciona como um espelho emocional. Quem chega fragilizado tende a sentir isso de forma mais intensa, porque há uma cobrança coletiva por felicidade, celebração e realização.
Esse cenário se insere em um contexto mais amplo. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que transtornos de ansiedade afetam mais de 301 milhões de pessoas no mundo, e especialistas apontam que períodos simbólicos de transição tendem a intensificar sentimentos de inadequação, comparação social e frustração.
No Brasil, estudos de comportamento do consumidor indicam que práticas de autocuidado ganham relevância nesse intervalo como estratégia de preservação do bem-estar emocional.
Pesquisas da American Psychological Association indicam que práticas regulares de autocuidado estão associadas à redução do estresse percebido e à melhora do bem-estar subjetivo. Entre mulheres, essa relação passa também pela reconexão com a própria imagem, desde que mediada por orientação ética e acolhimento profissional, sem estímulo a padrões irreais.
O cuidado estético não é sobre estética apenas. Ele devolve segurança, conforto e identidade para o paciente. O acolhimento é parte central do processo. A clínica precisa acolher, ouvir e orientar sem pressão. Quando o paciente se sente respeitado, o procedimento deixa de ser uma resposta à cobrança externa e passa a ser uma escolha consciente.
No fim do ano, cresce a procura por avaliações mais aprofundadas e por procedimentos menos invasivos, o que sinaliza uma mudança de comportamento. Existe uma busca maior por equilíbrio. As pessoas querem se reconhecer no espelho, não atender a um padrão. Isso tem impacto direto na autoestima.
A intensificação das interações sociais, somada à maior exposição em redes digitais, amplia comparações e pode agravar inseguranças. Relatórios internacionais sobre saúde mental feminina indicam que a percepção negativa da imagem corporal está associada a níveis mais elevados de ansiedade e sintomas depressivos, sobretudo em períodos de maior visibilidade social, como festas e férias.
O papel do profissional de saúde estética inclui reconhecer limites e saber quando não intervir. Nem toda demanda precisa ser atendida com um procedimento. Às vezes, a escuta e a orientação já cumprem uma função importante no cuidado.
Ao fim do ano, reconhecer a sensibilidade emocional do período e adotar práticas de autocuidado conscientes pode ajudar a atravessar a virada com mais equilíbrio, reduzindo riscos à saúde mental e fortalecendo a autoestima de forma sustentável.
Por Carolina Lara
Artigo de opinião



