Burnout parental em famílias com crianças autistas: a importância do apoio estruturado
Entenda como o cuidado integral às famílias pode aliviar o esgotamento emocional e melhorar o desenvolvimento infantil
Famílias de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) enfrentam uma rotina intensa e desafiadora, que frequentemente recai sobre um único cuidador. Consultas, terapias, adaptações diárias e mediação de comportamentos são atividades constantes que podem levar ao burnout parental — uma condição marcada por exaustão física, emocional e sensação de incapacidade no papel de cuidador. Embora pouco discutido, esse fenômeno é frequente e preocupante, conforme mostram pesquisas científicas recentes¹,².
Um estudo coordenado pela Universidade de Wuhan, na China, revelou que 19,9% dos pais de crianças com TEA apresentavam burnout, enquanto 72,3% tinham alto nível de estresse parental². No Brasil, uma pesquisa com 182 responsáveis apontou risco moderado de burnout em 11% e quadro confirmado em 3,3%³. Entre os fatores que contribuem para essa condição estão a alta carga de cuidados, a pouca divisão de responsabilidades e a falta de suporte social³.
Diante desse cenário, modelos integrados que unem diagnóstico, terapias e apoio ao cuidador ganham destaque. Clínicas especializadas, como as da Dasa, ampliam a atenção não apenas à criança autista, mas também ao cuidador, oferecendo uma rede estruturada que reduz deslocamentos, otimiza rotinas e proporciona suporte contínuo à família. Isso ajuda a diminuir a sobrecarga e cria um ambiente mais estável para o desenvolvimento da criança.
Fabiane Minozzo, Gerente de Programas de Saúde e Cuidado da Dasa, ressalta que “o cuidado exige tanto das famílias que, sem uma estrutura de suporte adequado, o impacto na saúde mental dos responsáveis é inevitável”. Ela destaca que a ausência de acompanhamento psicológico, a impossibilidade de dividir tarefas e a falta de orientação sobre autocuidado são pontos críticos que agravam o burnout.
Além disso, modelos centralizados que reúnem diagnóstico, intervenções multidisciplinares e orientações aos responsáveis facilitam a logística e reduzem o isolamento, um dos principais catalisadores do burnout¹³. Ao incluir o cuidador na estratégia terapêutica, aumenta-se a efetividade do tratamento e diminui-se o risco de esgotamento³,⁴.
O diagnóstico precoce é outro fator crucial para o desenvolvimento da criança e para a organização da família. Segundo o neurologista Tarcizio Brito, coordenador das Clínicas Especializadas em TEA da Dasa, “combinamos observação clínica, relatos familiares e ferramentas padronizadas para obter uma análise consistente e adaptar os planos de terapia conforme necessário”. Intervenções iniciadas cedo aumentam o potencial de progresso e ajudam a família a se reorganizar, o que atua como fator protetor contra o esgotamento emocional¹,⁴.
Ambientes preparados para acolher as famílias, com estações de trabalho, suporte online e grupos de acolhimento, também contribuem para reduzir o tempo ocioso entre terapias, ampliar o acesso à informação e criar espaços para troca de experiências. Essas iniciativas diminuem o isolamento e fortalecem o equilíbrio emocional dos cuidadores.
Portanto, o bem-estar da criança com TEA está diretamente ligado ao bem-estar de quem cuida dela. Modelos que integram diagnóstico, terapias e suporte ao cuidador reconhecem essa relação e promovem uma abordagem mais humana e eficaz, essencial para a saúde mental das famílias e para o desenvolvimento infantil.
Referências:
¹ Estudo brasileiro sobre burnout parental (Anais COMCISA / UNIPAM)
² Pesquisa chinesa com pais de crianças com TEA
³ Levantamento brasileiro com cuidadores de crianças com TEA
⁴ Impacto do diagnóstico precoce no desenvolvimento e na carga familiar
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



