Autismo invisível em mulheres: o impacto do viés de gênero no diagnóstico tardio
Entenda como estereótipos e falta de preparo profissional dificultam o reconhecimento do autismo feminino no Brasil
O autismo em mulheres ainda é um tema pouco discutido na saúde pública brasileira, apesar de afetar aproximadamente 1 milhão de brasileiras, segundo dados do Censo Demográfico 2022 do IBGE. A subnotificação e o diagnóstico tardio são consequências diretas do viés de gênero e da falta de capacitação dos profissionais para identificar os sinais do transtorno em perfis femininos, que costumam se manifestar de forma diferente dos padrões clássicos.
Mulheres autistas frequentemente apresentam um comportamento conhecido como camuflagem social, no qual reproduzem gestos, expressões e interações socialmente esperadas para esconder suas dificuldades. Durante a infância e adolescência, isso faz com que seus sintomas sejam confundidos com timidez, sensibilidade emocional ou curiosidade, dificultando o diagnóstico precoce. “As meninas, muitas vezes, não se encaixam nos estereótipos clássicos do autismo, o que faz com que seus sintomas pareçam mais sutis e passem despercebidos”, explica Thalita Possmoser, vice-presidente clínica da Genial Care, rede especializada em cuidado de crianças autistas.
Essa invisibilidade tem impactos profundos na vida adulta, pois os sintomas não reconhecidos podem resultar em quadros de ansiedade e depressão. Além disso, a falta de diagnóstico adequado prejudica o acesso a suportes essenciais para o desenvolvimento social e emocional dessas mulheres.
Um estudo recente conduzido por cientistas da Universidade de Princeton e da Simons Foundation identificou quatro subgrupos distintos do Transtorno do Espectro Autista (TEA), evidenciando a complexidade do diagnóstico. No Brasil, onde o diagnóstico já enfrenta desafios estruturais, essa diversidade de perfis pode agravar ainda mais a subnotificação, especialmente para crianças com sintomas mais sutis ou associados a outras condições, como o TDAH.
A vice-presidente clínica da Genial Care reforça que “na infância e adolescência, os sintomas femininos costumam ser interpretados de acordo com expectativas de gênero. Por exemplo, o hiperfoco pode ser visto como sinal de inteligência, enquanto dificuldades de socialização e comunicação são frequentemente confundidas com timidez ou sensibilidade excessiva.”
Para mudar essa realidade, é fundamental ampliar o debate sobre mulheres neurodivergentes, promover a conscientização e capacitar profissionais de saúde para reconhecerem os sinais do autismo feminino. Além disso, criar espaços seguros e incentivar a comunicação aberta são passos importantes para que essas mulheres possam expressar suas necessidades e receber o suporte adequado.
A invisibilidade do autismo feminino é uma forma de negligência que perpetua vulnerabilidades e limita oportunidades. Por isso, a inclusão e representatividade são essenciais para garantir diagnósticos e intervenções precoces, permitindo que mulheres autistas desenvolvam suas habilidades e vivam com dignidade, respeito e oportunidades reais.
Este conteúdo foi elaborado com base em informações da assessoria de imprensa da Genial Care, reforçando a importância de um olhar mais atento e inclusivo para o autismo em mulheres no Brasil.
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



