O Protagonismo na Trilha da Vida: Assumir o Controle das Próprias Escolhas

Como a consciência emocional, o compromisso individual e o altruísmo moldam nossa jornada rumo à realização pessoal e profissional

O que as pessoas precisam para ser felizes e realizadas profissionalmente, e quando isso irá acontecer? A pergunta, que muitos se fazem e parece saída de um biscoito da sorte, é, na verdade, um convite sério à reflexão. Afinal, enquanto adiamos respostas, a vida vai passando em ritmo acelerado, como uma batida marcante que não dá tempo de voltar para a gravação. E se tem algo que aprendemos, cedo ou tarde, é que o tempo é valioso demais para esperar pelo amanhã.

Assumir o protagonismo da própria vida é, portanto, menos uma questão de desejo e mais de ação. Não basta sonhar com as realizações. É preciso identificar objetivos com clareza, dar nome e forma aos planos e se dedicar a eles com a intensidade de quem sabe que cada take conta. Entretanto, a jornada não se resume a atingir a grande meta. Também é preciso valorizar o que já conquistamos, aquelas vitórias discretas que, quando mixadas, criam a base sólida para conquistas mais ousadas.

Claro, nem sempre o roteiro segue exatamente como imaginamos. Novas situações, métodos, processos e oportunidades batem à porta e, muitas vezes, somos nós que relutamos em apertar o play. A boa notícia é que abrir-se ao novo pode gerar efeitos sonoros extraordinários. E aqui surge uma primeira descoberta: nossas escolhas são essencialmente emocionais. Usamos a razão apenas para justificá-las depois. Quando você percebe isso, passa a ter condições reais de fazer escolhas mais conscientes e alinhadas ao que realmente importa.

Outro ponto essencial é entender que o acaso e a aleatoriedade influenciam fortemente nossa trajetória. Muitas vezes, o que parece um contratempo é, na verdade, a oportunidade de criar uma nova faixa, de remixar sua história e encontrar um som ainda mais potente. Essa consciência muda a forma como encaramos os desafios.

No campo profissional, protagonismo não significa, necessariamente, ocupar o cargo de direção. O integrante de uma equipe de gravação talvez nunca seja o produtor executivo, mas precisa ser impecável naquilo que faz. O que dá força a um time não é só a soma de talentos técnicos, mas o comprometimento individual de cada um. Quando cada integrante se dedica de verdade ao seu objetivo, o coletivo se transforma em uma sonoridade única e poderosa.

Sei bem do poder dessa soma: ao longo da minha carreira, fui o criador da assinatura musical do iFood — hoje a mais reconhecida do Brasil. Esse trabalho só foi possível porque talento individual e força coletiva caminharam juntos para criar um som que marcou presença no dia a dia de milhões de pessoas.

Também é preciso lembrar que felicidade não está apenas em alcançar uma grande meta distante. Ela se revela quando dividimos objetivos em etapas curtas, executáveis e possíveis de realizar agora. São esses pequenos takes que, somados, constroem a trilha sonora da realização.

E há ainda um aspecto muitas vezes esquecido: o altruísmo. Ao se abrir para novas experiências e para o outro, você amplia sua própria faixa de possibilidades. A decisão de colaborar, ajudar e compartilhar conecta você a pessoas e perspectivas que não teria acesso sozinho. É esse gesto que abre portas para plenitude e felicidade.

Ser afinado consigo mesmo é, em última instância, uma escolha diária. É ter coragem de gravar novos takes, mesmo que desafinem no início, e de se integrar à mixagem do conjunto. Porque, no fundo, felicidade não é um destino distante. Ela está no ato de sonorizar com empenho, paixão e propósito a trilha da própria vida.

A

Por Alvaro Fernando

formado em Direito pela USP, músico, escritor, palestrante e autor de trilhas de comerciais premiado em Cannes, Londres e Nova York

Artigo de opinião

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