A Importância da Motivação e Disciplina Positiva na Educação Inclusiva

Como abordagens não punitivas e o entendimento da neurodivergência transformam a prática docente e fortalecem a inclusão escolar

O avanço da educação inclusiva no país tem ampliado a procura por livros que tratam de motivação e disciplina positiva aplicadas ao ambiente escolar. O movimento acompanha a expansão das matrículas de estudantes com Transtorno do Espectro Autista, que passaram de 105 mil em 2018 para mais de 212 mil em 2021, segundo o Censo Escolar. No mesmo período, o IBGE registrou 18,9 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência. Estimativas internacionais indicam que entre 15% e 20% da população mundial é neurodivergente, número adotado por especialistas da área de neuroeducação.

A neuropedagoga Mara Duarte da Costa, diretora pedagógica da Rhema Neuroeducação, afirma que compreender o que motiva o aluno é fundamental para que professores consigam estruturar intervenções inclusivas. “Quando o professor entende o que mobiliza a criança, ele consegue planejar práticas que respeitam o ritmo do aluno e aumentam as chances de engajamento. A literatura sobre disciplina positiva e motivação oferece caminhos seguros para isso”, afirma a especialista.

A disciplina positiva, abordagem que substitui punições por orientação firme e cuidadosa, aparece entre os eixos mais presentes nos livros usados por educadores. Para Mara Duarte, essa metodologia dialoga com as necessidades de alunos com TEA, TDAH, dislexia e outros transtornos do neurodesenvolvimento. “Estratégias punitivas tendem a gerar ansiedade e desorganização. Métodos baseados em reforço positivo e previsibilidade favorecem a autorregulação e a segurança emocional”, explica.

Outro tema recorrente nas obras é a relação entre motivação e neuroplasticidade. Estudos do Center on the Developing Child, da Universidade de Harvard, apontam que o cérebro infantil forma cerca de um milhão de novas conexões neurais por segundo nos primeiros anos de vida. Para Mara Duarte, esse processo reforça a importância de estímulos consistentes, afetivos e adaptados às particularidades de cada criança. “Ambientes enriquecidos, atividades lúdicas, repetição intencional e interação social fortalecem conexões neurais e ampliam competências cognitivas e emocionais”, diz a especialista.

A literatura também tem ajudado professores a diferenciar comportamentos de indisciplina de manifestações de TDAH e outras neurodivergências. Em análises divulgadas pela Rhema Neuroeducação, Mara Duarte aponta que muitos educadores ainda fazem essa confusão, o que prejudica o processo de aprendizagem e afeta a autoestima dos alunos. A Organização Mundial da Saúde estima que o TDAH atinge cerca de 5% das crianças em idade escolar.

As obras voltadas a famílias também ganham espaço, especialmente as que abordam rotina estruturada, regulação emocional e construção de autonomia. Para Mara, esse alinhamento entre escola e casa traz resultados significativos. “Quando responsáveis e educadores utilizam referências semelhantes, a criança encontra estabilidade e previsibilidade. Isso reduz a ansiedade e melhora o engajamento nas atividades”, afirma.

Especialistas recomendam que professores e pais priorizem livros com fundamentação científica, linguagem clara e propostas práticas. Obras que tratam de comunicação não violenta, mediação de conflitos, reforço positivo, organização visual e técnicas de manejo emocional costumam ser as mais eficazes no cotidiano escolar.

Com o crescimento das matrículas de estudantes neurodivergentes e a ampliação das formações continuadas, o tema deve ganhar ainda mais relevância. Para Mara Duarte, a leitura especializada contribui diretamente para a qualidade da inclusão. “O conhecimento é a base de qualquer processo inclusivo. A leitura qualificada amplia repertórios, ajusta práticas e favorece ambientes escolares mais acolhedores”, conclui.

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Por Carolina Lara

Artigo de opinião

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