Práticas Integrativas na Saúde: Desafios, Poder e a Busca por Equilíbrio
Conheça os debates sobre a institucionalização das Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas e a importância da valorização dos saberes diversos.
O universo das práticas integrativas na saúde tem ganhado destaque em debates acadêmicos e institucionais, especialmente no que diz respeito à sua legitimidade e ao desafio de coexistir com a medicina tradicional. Dados da assessoria de imprensa do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS) revelam uma discussão aprofundada sobre o tema, conduzida pelo professor Nelson Filice de Barros, coordenador do Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas de Saúde (Lapacis/Unicamp).
Durante uma live realizada em dezembro de 2025, o professor Barros criticou a hegemonia biomédica na definição do que é considerado evidência científica, ressaltando que “a evidência exigida é sempre a evidência que o outro quer, não a que o praticante reconhece como válida”. Essa visão aponta para um modelo que exclui saberes tradicionais e práticas integrativas, impondo critérios rígidos como ensaios clínicos randomizados e meta-análises, sem reconhecer outras formas legítimas de conhecimento.
A mediação do evento ficou a cargo de Roseny Flávia Martins, diretora científica do CECS, que destacou a importância de um olhar crítico e contextual para as práticas integrativas, especialmente diante dos avanços e controvérsias recentes. Ela relembrou que as Constelações Familiares foram incorporadas à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em 2018, mas enfrentam resistências institucionais, como a nota técnica do Conselho Federal de Psicologia em 2023, que questionou sua validade científica. Em resposta, movimentos como o “Sou da Constelação” e o próprio CECS têm atuado para fortalecer a pesquisa e a defesa dessas práticas.
O professor Barros também abordou a complexa trajetória das Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI), desde sua marginalização até a busca por reconhecimento e universalização. Ele destacou que muitos profissionais que adotam essas práticas não abandonam a biomedicina por incompetência, mas por reconhecerem seus limites técnicos e buscarem formas ampliadas de cuidado. Essa coexistência de lógicas terapêuticas, embora pareça contraditória do ponto de vista epistemológico, é uma resposta concreta às necessidades dos pacientes.
Outro ponto fundamental levantado foi a distinção entre a visão da Organização Mundial da Saúde (OMS), que entende as práticas integrativas como complementares à biomedicina, e o uso político e mercadológico do termo no Brasil, que pode levar à mercantilização dessas práticas. Para Barros, o verdadeiro desafio está em integrar essas práticas de forma horizontal, sem hierarquias, reconhecendo que o cuidado pode vir de diferentes fontes.
A institucionalização das MTCI ganhou força com a criação e consolidação do Lapacis, que desde 2006 atua na pesquisa e promoção dessas práticas, com apoio do Ministério da Saúde e do CNPq. O grupo tem ampliado seus estudos, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), onde, entre 2019 e 2022, foram registradas mais de 24 mil sessões de Constelação Familiar.
Este debate evidencia a necessidade de repensar o conceito de cuidado em saúde, valorizando a diversidade de saberes e práticas que atendem às demandas reais da população, especialmente das mulheres, que frequentemente buscam alternativas integrativas para seu bem-estar físico e emocional. A luta por reconhecimento e respeito às práticas integrativas é também uma luta por poder e autonomia no cuidado da saúde.
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



