A Nova Estratégia para Conquistar Estágio em 2026
Como se destacar em um mercado competitivo com portfólios práticos, fluência digital e networking direto com gestores
A lógica de buscar estágio no Brasil passa por uma inflexão clara para 2026. O modelo baseado no envio repetido de currículos genéricos por plataformas de recrutamento deixou de ser apenas pouco eficaz e passou a funcionar, na prática, como um gargalo.
O paradoxo do mercado atual é evidente: nunca foi tão simples se candidatar a uma vaga, mas nunca foi tão difícil ser notado. O estudante acha que está concorrendo com dezenas de pessoas, quando, na verdade, disputa atenção com milhares de currículos filtrados por sistemas automatizados. O recrutador muitas vezes só vê o que o algoritmo deixou passar.
Insistir apenas na chamada “candidatura simplificada” cria uma falsa sensação de movimento. Clicar em dezenas de vagas não é estratégia de carreira, é ocupação de tempo. O sistema lê palavras-chave, não intenções. Se o candidato não leu a vaga com atenção, o filtro percebe antes do humano.
Uma das mudanças mais relevantes é entender que a candidatura online deve ser tratada como um registro formal, não como o centro do processo. O jogo real acontece fora da plataforma. Encontrar o gestor da área, entender os desafios do time e demonstrar interesse genuíno no problema a ser resolvido pesa muito mais do que um PDF bem diagramado.
Outro ponto central é a substituição gradual do currículo tradicional por portfólios práticos, mesmo para quem ainda não teve experiência formal. Frases genéricas como “sou proativo” perderam completamente o valor informacional. Em 2026, o candidato precisa mostrar o que sabe fazer, não declarar.
Na prática, isso significa criar projetos próprios. Estudantes interessados em dados podem trabalhar com bases públicas e apresentar análises; candidatos à área de marketing podem desenvolver estudos de caso com marcas reais; alunos de engenharia podem mapear processos e propor melhorias. Um link com um projeto concreto vale mais do que páginas de auto descrição. É evidência, não promessa.
A relação com a inteligência artificial também aparece como fator de diferenciação. O erro está nos extremos: tanto no medo quanto na dependência cega da tecnologia. As empresas não buscam quem ignora IA, mas também não precisam de alguém que só replica respostas de ferramenta. O diferencial é o profissional híbrido, que usa tecnologia para ganhar eficiência, mas mantém pensamento crítico, comunicação e capacidade de decisão.
Esse equilíbrio deve aparecer tanto no currículo quanto na entrevista. Fluência digital é requisito. O que diferencia é a habilidade humana de interpretar contextos, dialogar com equipes e assumir responsabilidade.
Na etapa de entrevistas, é necessária uma mudança de postura. Em vez de uma posição passiva, o candidato deve encarar o encontro como uma conversa profissional. Quando o estudante pesquisa a empresa, entende o setor e faz perguntas bem formuladas, ele deixa de parecer alguém em busca de qualquer vaga e passa a se posicionar como alguém disposto a resolver problemas.
Conseguir um estágio em 2026 tem menos relação com histórico escolar isolado e mais com atitude estratégica. Quem continua jogando na lógica da loteria tende a ficar invisível. Quem aprende a se posicionar como solucionador antes mesmo da contratação aumenta muito as chances de fechar contrato.
Por Virgilio Marques dos Santos
sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, gestor de carreiras, PhD pela Unicamp, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, Master Black Belt pela Unicamp, autor do livro "Partiu Carreira", TEDx Speaker, ex-professor de cursos de pós-graduação e especialização na Unicamp e outras instituições, ex-gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas, idealizador do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica
Artigo de opinião



