A presença feminina na liderança: de exceção a referência indispensável

Como eventos e o empoderamento estão transformando o papel das mulheres no mercado de trabalho e inspirando novas gerações

De acordo com dados do IBGE, as mulheres já representam 48% da força de trabalho formal no Brasil, mas ainda ocupam apenas 37% dos cargos de liderança. Em vendas, o cenário é ainda mais desafiador, um dos segmentos que mais resiste à presença feminina, embora dependa fortemente de habilidades como empatia, escuta e relacionamento.

Por isso, eventos como o “Summit Mulheres que Inovam & Mulheres Positivas”, promovido recentemente em São Paulo (SP), se tornam espaços fundamentais para inspirar, conectar e dar visibilidade às profissionais que estão transformando o ecossistema de negócios.

Participar de um evento que une inovação, liderança e protagonismo feminino foi uma experiência marcante. Foi a primeira vez que eu vi um auditório cheio de mulheres, e apenas um homem: Stefano Gabriel Levorato, marido da Helena Levorato, idealizadora do encontro, como apoiador e parceiro, reforçando que o encontro visa a união entre os gêneros, sem disputas, mas com alianças, como foi no Summit.

Ainda sobre a Helena, a fala dela ficou ecoando na minha mente: “A gente já chegou”. Essa frase resume um novo momento da nossa trajetória. Por muito tempo, buscamos ser ouvidas, abrir portas e provar que merecíamos estar ali. Hoje, essas portas estão abertas. O desafio agora é tomar posse desse espaço: aparecer mais, nos empoderar e parar de pedir licença para existir.

Mas, apesar dos avanços, ainda há muitas mulheres nos bastidores, hesitando em se mostrar. Em boa parte dos casos, o motivo tem nome: síndrome da impostora. Esse foi o tema mais comentado durante o evento — e faz todo sentido. Em mais de 14 anos de carreira em vendas, quase sempre fui a única mulher na sala. Em podcasts, reuniões e formações, de 16 participantes, éramos duas. Ainda existe um longo caminho de encorajamento.

Liderar também é escolher
O autoconhecimento tem papel essencial nessa jornada. Nem todas precisam ser protagonistas públicas ou líderes de equipes, e está tudo bem. A verdadeira liberdade feminina hoje é poder escolher o que queremos ser: ficar em casa com os filhos, empreender, liderar, inovar, ou fazer tudo isso ao mesmo tempo.

Por muito tempo, a sociedade cobrou que a mulher fosse para o mercado de trabalho para “provar valor”. Hoje, o valor já é reconhecido. A vitória não está em disputar espaços, mas em ocupar o nosso próprio lugar com autenticidade e propósito. Isso é liderança feminina.

Eventos como o Summit fazem algo que ainda falta em outros ambientes: naturalizam a presença da mulher no palco. Em conferências tradicionais de vendas ou tecnologia, ainda é comum ver um painel com 55 pessoas e apenas cinco mulheres. Não se trata de cumprir protocolo ou “bater meta de diversidade”, mas de inclusão real e intencional, aquela que equilibra naturalmente os números e muda a referência para quem vem depois.

Estar nesses espaços amplia horizontes e reforça a importância da visibilidade como combustível da transformação. Quando nos vemos representadas, acreditamos que é possível.

Superar a síndrome da impostora é um ato de coragem e autocompaixão. É reconhecer que o caminho percorrido tem valor, que o aprendizado vem da experiência — e que inspirar outras mulheres não é vaidade, é legado.

É assim que procuro atuar nas minhas mentorias e nas formações de vendas: estendendo a mão para quem quer dar o próximo passo. Muitas mulheres ainda acreditam que “não nasceram para vender”, quando, na verdade, vendem suas ideias todos os dias, em casa, na empresa, nos relacionamentos. Vender é comunicar valor, e isso é uma competência feminina por natureza.

Hoje, acredito que o maior símbolo de evolução feminina não está no cargo, no título ou no palco. Está em escolher o que queremos ser e assumir esse papel com orgulho. Eventos como o “Summit Mulheres que Inovam & Mulheres Positivas” lembram que já chegamos: agora é hora de ocuparmos o espaço com confiança, apoiar umas às outras e deixar o medo do “não mereço” no passado.

Porque a grande vitória das mulheres é essa: poder escolher, e estar tudo bem.

M

Por Mari Genovez

especialista em vendas com mais de 14 anos de experiência em prospecção, negociação, planejamento estratégico e gestão de equipes comerciais; reconhecida como Challenge Maker 2025; CEO da Matchez, aceleradora comercial que apoia empresas na estruturação e execução de estratégias de prospecção ativa

Artigo de opinião

👁️ 52 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar