O Natal das Famílias que Enfrentam o Câncer Infantil: Esperança e Recomeço
Como o espírito natalino inspira acolhimento, solidariedade e transformação na luta contra o câncer infantojuvenil
O Natal sempre me faz pensar em recomeços. Mesmo depois de um ano difícil, ele nos lembra que é possível renovar a fé em nós, nas pessoas e na vida. E talvez essa seja também a essência do trabalho que realizamos no Instituto Ronald McDonald: ajudar famílias que vivem o seu próprio recomeço todos os dias, em meio à luta contra o câncer infantojuvenil.
Para muitas dessas famílias, o Natal não acontece em casa, mas em hospitais. As árvores são substituídas por equipamentos médicos, e o som das risadas se mistura ao barulho dos monitores. Mas, ainda assim, há luz… A luz da esperança, que nunca se apaga. Ela surge no sorriso de uma criança após uma boa notícia, no abraço silencioso entre mãe e filho, ou na coragem de quem escolhe acreditar, mesmo diante do medo.
O câncer ainda é a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). São cerca de 8 mil novos casos por ano, e cada diagnóstico muda completamente a rotina de uma família. Muitas delas enfrentam longas viagens, deixam o trabalho e dependem de ajuda para conseguir manter o tratamento. É um desafio que vai muito além da saúde: envolve questões sociais, emocionais e até logísticas.
É por isso que, no Instituto Ronald McDonald, acreditamos que cuidar é muito mais do que tratar a doença, é olhar para o ser humano de forma integral. Em nossas unidades do Programa Casa Ronald McDonald, oferecemos não apenas hospedagem, mas um refúgio de acolhimento, alimentação, apoio psicológico e atividades pedagógicas. Tudo isso para que as famílias encontrem força e estrutura para seguir em frente.
Cada gesto importa. Uma refeição compartilhada, uma oficina de arte, uma brincadeira ou até uma conversa na varanda podem se tornar momentos de cura emocional. E é esse tipo de cuidado que faz o Natal acontecer o ano inteiro dentro das nossas unidades.
Em 2025, tivemos um marco histórico: a campanha McDia Feliz arrecadou R$ 28,1 milhões, sendo R$ 23,4 milhões destinados à saúde. Esse recorde vai apoiar 75 projetos em 48 instituições, espalhadas por 44 cidades em todas as regiões do país. Entre eles está a construção da nova Casa Ronald McDonald em Goiânia, que será a maior da América do Sul, totalmente sustentável e voltada a acolher famílias de crianças em tratamento oncológico no Centro-Oeste.
Esses números mostram o tamanho da mobilização, mas, mais do que isso, revelam o quanto a solidariedade pode transformar realidades. Cada Big Mac comprado, cada doação, cada parceria corporativa ou voluntária é uma semente que floresce em esperança, e esse é o maior presente que podemos oferecer.
Como mãe, aprendi que o amor é o que dá sentido a tudo. Como gestora, aprendi que ele também pode ser uma força estratégica de transformação. O Natal nos convida justamente a isso: transformar empatia em ação.
Que neste fim de ano, possamos celebrar não apenas o que conquistamos, mas o que ainda podemos fazer. Que olhemos com atenção para as crianças que não estarão nas festas, mas continuam acreditando que o futuro pode ser melhor. Que cada um de nós encontre uma forma de participar dessa corrente do bem, seja doando, divulgando, se voluntariando ou simplesmente acreditando.
Porque quando o amor se transforma em atitude, ele muda histórias. E é isso que o verdadeiro espírito do Natal representa: a capacidade de recomeçar, juntos, todos os dias.
Por Bianca Provedel
jornalista, psicóloga, mãe, CEO do Instituto Ronald McDonald, com mais de 20 anos de atuação no terceiro setor
Artigo de opinião



