Férias como caminho para a reconexão mental e emocional

A transformação do conceito de descanso para um resgate do equilíbrio interior nas viagens dos brasileiros

A palavra férias mudou de significado no Brasil. Mais de 79% dos viajantes nacionais afirmam que vão viajar em 2025 com foco em saúde mental, bem-estar e equilíbrio emocional, segundo levantamentos recentes do setor. A viagem deixou de ser fuga e se tornou ferramenta de reorganização da vida. É um movimento silencioso, mas crescente: zonas de silêncio em parques naturais, trilhas oficiais, roteiros de bem-estar e turistas que viajam sozinhos apenas para resetar a mente. Não se trata de descanso, mas de reconexão.

A rotina acelerada, o excesso de telas e os dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 70% dos brasileiros têm dificuldade para manter padrões regulares de sono, o que ajuda a explicar essa mudança que altera produtos, comportamentos e políticas do turismo nacional. O viajante de hoje quer voltar para casa diferente do que saiu. E essa transformação já está em curso.

Viajar sempre foi sinônimo de pausa, mas essa definição perdeu força. O novo perfil de viajante brasileiro mostra que férias já não são apenas um momento de desligar. São um meio de recuperar equilíbrio, respirar com calma e voltar para casa com sensação de renovação. Não é fuga: é reconexão.

Nos últimos dois anos, os estudos do setor apontaram essa mudança de forma consistente: 79% dos brasileiros declaram que vão viajar este ano com foco em saúde mental e equilíbrio emocional. Esses números confirmam o que vivi ao receber milhares de viajantes ao longo dos anos: o descanso ainda é desejado, mas não é suficiente. O viajante busca caminhar sem pressa, dormir melhor, sentir o vento, ouvir o próprio corpo.

A exposição prolongada às telas, a aceleração da rotina e a irregularidade do sono criaram um cansaço diferente que não é físico, mas mental. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 70% dos brasileiros relatam dificuldade para manter padrões regulares de sono. Esse tipo de estatística aparece no turismo e ganha forma nas escolhas de viagem.

Percebo comportamentos recorrentes entre os hóspedes. As pessoas passam a valorizar a alimentação leve e próxima da natureza; as trilhas curtas e caminhadas ao ar livre; a não preocupação com horários; o silêncio como parte da experiência e as pausas digitais para aliviar a mente.

Cada vez mais brasileiros escolhem viajar sozinhos. Muitos chamam de reset. Outros dizem apenas que precisam voltar a ouvir os próprios pensamentos. A viagem não substitui a rotina, ela reorganiza a forma de viver a rotina quando ela recomeça.

O setor também começou a responder a essa demanda. Algumas cidades brasileiras estruturaram trilhas oficiais, criaram zonas de silêncio em parques naturais e revisaram calendários de eventos para evitar a sensação de superlotação nas altas temporadas. Agências começaram a oferecer roteiros de bem-estar. A natureza, que antes era apenas cenário, passou a ser compreendida como estrutura de apoio emocional.

A experiência me mostrou que férias não precisam de pressa. Precisam de atenção. O turista atual valoriza pequenos vazios do dia, a liberdade de não ter horários rígidos e a chance de se reconectar com aquilo que ficou abafado na rotina. A palavra férias ganhou outro significado: usar o tempo não para se distanciar da vida, mas para se aproximar dela de forma mais humana.

O descanso continua importante, mas já não é o ponto final e sim, o primeiro passo. O verdadeiro destino é a reconexão. E é isso que os viajantes brasileiros estão procurando agora: voltar para casa lembrando que a vida também pode ser leve quando a gente desacelera o olhar.

M

Por Marta Cristina Freitas

Artigo de opinião

👁️ 44 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar