A Experiência como Pilar da Segurança no Cuidado em Saúde

O caso Benício evidencia a urgência de fortalecer a formação prática e a supervisão de profissionais recém-formados para garantir a segurança dos pacientes.

O caso do falecimento do menino Benício, em Manaus, envolvendo uma técnica de enfermagem com apenas sete meses de formada, reacendeu uma questão sensível e urgente: até que ponto a inexperiência prática de profissionais recém-chegados ao mercado, somada a falhas de supervisão e protocolos, pode comprometer a segurança do paciente? A discussão ganha força em meio à crescente demanda por mão de obra na saúde e à pressão por contratações rápidas em hospitais públicos e privados.

Esther Lopes Ricci Adari Camargo, professora e coordenadora do curso de Enfermagem da FASIG, é referência em formação, prática clínica e segurança assistencial. Com trajetória voltada ao desenvolvimento profissional contínuo e à qualificação técnica, ela explica por que a experiência, e não apenas o diploma, é determinante na qualidade do cuidado.

A pouca experiência clínica representa um risco significativo, pois a baixa vivência prática aumenta a probabilidade de erros, especialmente em procedimentos delicados ou em situações de alta pressão. Além disso, fragilidades na supervisão e nos protocolos hospitalares podem agravar esse cenário, sobretudo quando profissionais recém-formados atuam sem o acompanhamento adequado.

A formação acadêmica precisa ser repensada para incluir estágios mais extensos, simulações realísticas e educação continuada, a fim de reduzir lacunas de aprendizagem e preparar melhor os futuros profissionais para os desafios do cotidiano. Paralelamente, a pressão por contratações rápidas, motivada pela escassez de profissionais e pela precarização dos vínculos, impacta negativamente a qualidade do atendimento.

A segurança do paciente deve ser prioridade máxima. Para isso, é fundamental fortalecer os processos internos das instituições de saúde, garantindo que a inexperiência individual não se transforme em risco coletivo. Profissionais recém-formados precisam de supervisão, treinamento contínuo e ambientes estruturados para desenvolver autonomia. Quando isso não acontece, todos ficam vulneráveis — o paciente, o profissional e o sistema de saúde.

O caso Benício é um alerta doloroso de que a técnica é fundamental, mas a experiência é o que garante a segurança real no cuidado.

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Por Esther Lopes Ricci Adari Camargo

Professora e coordenadora do curso de Enfermagem da FASIG, referência em formação, prática clínica e segurança assistencial

Artigo de opinião

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