Pais enfrentam desafios para proteger filhos na internet: 86% temem conteúdos inadequados
Estudo revela dificuldades no acompanhamento digital de crianças e adolescentes e aponta caminhos para uma mediação mais eficaz
Mais da metade dos pais e responsáveis no Brasil enfrenta dificuldades para acompanhar a rotina digital de crianças e adolescentes, segundo o relatório “Redes de Proteção: Desafios e práticas na mediação digital de crianças e adolescentes”, produzido pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio) em parceria com o Redes Cordiais. A pesquisa, que ouviu 327 responsáveis e realizou grupos focais em diferentes regiões urbanas, aponta que 60% dos entrevistados consideram “difícil” ou “muito difícil” monitorar a vida online dos filhos.
O estudo revela que a desigualdade social e a falta de conhecimento técnico são barreiras significativas para a mediação digital. Famílias de baixa renda, por exemplo, têm menos acesso a ferramentas de controle parental e suporte tecnológico. Entre os responsáveis com renda de até um salário mínimo, mais da metade nunca utilizou aplicativos de controle parental, e apenas 7,7% o fazem regularmente. Além disso, 43% dos pais nunca recorreram a essas ferramentas, preferindo métodos tradicionais como limitar o tempo de uso de celulares (71%), incentivar atividades offline (70%) e manter conversas sobre segurança online (64%).
A preocupação dos pais é grande: 86% temem a exposição dos filhos a conteúdos inadequados, como violência e pornografia, enquanto 82% se preocupam com os efeitos do uso excessivo de telas na saúde mental das crianças. O cyberbullying também é uma das maiores inquietações, citada por 41% dos responsáveis. Outro desafio apontado pelo relatório é o desconhecimento sobre o caráter social de jogos e plataformas digitais, que funcionam como verdadeiras redes sociais com chats e interações constantes, aumentando os riscos de exposição a desconhecidos.
A mediação digital se torna ainda mais complexa em famílias com guarda compartilhada, onde a falta de alinhamento entre os responsáveis gera conflitos e fragiliza a consistência das orientações. Além disso, 60% dos pais afirmam que os filhos já tentaram ou conseguiram burlar senhas e limites de tempo, o que reforça a necessidade de estratégias baseadas em diálogo e confiança.
As pesquisadoras Clara Becker, diretora do Redes Cordiais, e Celina Bottino, diretora do ITS Rio, destacam que o desafio não está em proibir, mas em construir relações de confiança e preparar os adultos para acompanhar o mundo digital de forma efetiva. “O desafio é construir um espaço de confiança e diálogo na família para um uso equilibrado e que não coloque crianças e adolescentes em risco”, afirma Clara Becker. Para Celina Bottino, “proteger crianças e adolescentes na internet é uma tarefa coletiva que envolve famílias, escolas, plataformas e o poder público”.
O relatório também aponta que 59% dos pais gostariam de ter acesso a tutoriais e orientações práticas sobre ferramentas de controle parental, indicando uma demanda clara por capacitação. O estudo integra o projeto Redes de Proteção, que visa promover um ambiente digital mais seguro para crianças e adolescentes, reforçando a urgência de uma abordagem coletiva para garantir que a internet seja um espaço de desenvolvimento saudável, equilibrado e protegido.
Este conteúdo foi elaborado com base em dados da assessoria de imprensa do ITS Rio e Redes Cordiais, refletindo os principais desafios e perspectivas para a mediação digital familiar no Brasil.
Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA



