Microagressões no trabalho: o impacto silencioso que adoecem profissionais no Brasil

Entenda como comentários sutis e discriminatórios afetam a saúde mental e a carreira de milhares de trabalhadores brasileiros

Microagressões no ambiente de trabalho são práticas discriminatórias sutis que, apesar de muitas vezes involuntárias, reforçam estereótipos e hierarquias sociais baseadas em raça, gênero, orientação sexual, idade e outras características identitárias. Frases como “você é muito articulada para uma pessoa negra” ou “como você consegue equilibrar carreira e maternidade?” são exemplos comuns que, embora pareçam inofensivas, carregam um peso que afeta profundamente a saúde mental e o desenvolvimento profissional das vítimas.

De acordo com a psicanalista Ana Tomazelli, presidente do Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino (Ipefem), “as microagressões são violências cotidianas que operam de forma insidiosa. Diferentemente do assédio explícito, elas são ambíguas, o que dificulta a identificação e a denúncia. No entanto, seu impacto cumulativo é devastador para a saúde mental e o desenvolvimento profissional das vítimas”.

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que os afastamentos por motivos de saúde mental no Brasil cresceram 134% entre 2022 e 2024, saltando de 201 mil para 472 mil casos. Embora não haja estatísticas específicas isolando as microagressões como causa única, especialistas apontam que a exposição contínua a essas práticas é um fator significativo no adoecimento dos trabalhadores.

A pesquisa Mapa do Assédio no Brasil 2024, realizada pela KPMG, revelou que 30% dos participantes sofreram algum tipo de assédio no último ano, sendo 41% desses casos no ambiente de trabalho. Além disso, mais de 90% das vítimas não denunciam, por medo de retaliação, exposição ou descrença na eficácia das investigações.

As microagressões se manifestam de várias formas, como perguntas invasivas sobre a origem, exclusão de conversas informais e questionamentos sobre a competência profissional, especialmente direcionados a mulheres negras e pessoas LGBTQIA+. Ana Tomazelli destaca que “quando uma mulher negra é repetidamente tratada como ‘diferente das outras’ ou um profissional LGBTQIA+ é questionado sobre sua vida afetiva de forma que colegas heterossexuais não são, estamos diante de microagressões que minam a autoestima e o pertencimento”.

Essas práticas refletem desigualdades estruturais evidentes no mercado de trabalho brasileiro. O 3º Relatório de Transparência Salarial e Igualdade, divulgado em 2025 pelo Ministério do Trabalho, mostra que mulheres recebem em média 20,9% menos que homens, e a PNAD 2024 aponta que mulheres negras ganham menos da metade do salário médio dos homens brancos.

Especialistas classificam as microagressões em três categorias principais: microinvalidações (minimizar experiências de discriminação), microinsultos (comentários sutilmente degradantes) e microassaltos (atos discriminatórios disfarçados de brincadeiras ou opiniões). O impacto dessas agressões é um ambiente de trabalho tenso, desgaste emocional, queda na produtividade e aumento do absenteísmo.

Para combater esse problema, é fundamental implementar treinamentos sobre vieses inconscientes, políticas claras contra microagressões, canais de denúncia seguros, monitoramento de dados de diversidade e espaços de escuta ativa. A liderança deve estar comprometida em promover uma cultura inclusiva e respeitosa.

O combate às microagressões está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 10, que visa reduzir desigualdades. Ana Tomazelli reforça que “combater microagressões é, na prática, implementar a ODS 10. Não se trata apenas de não discriminar abertamente, mas de criar ambientes onde todas as pessoas tenham genuína igualdade de oportunidades”.

A transformação cultural para eliminar microagressões é urgente e possível, e cada organização que se compromete com essa agenda contribui para ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e justos para todos.

Este conteúdo foi elaborado com base em dados fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino (Ipefem).

EstagiárIA

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA

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