FGTS liberado para todos os financiamentos imobiliários até R$ 2,25 milhões: um avanço para o acesso à moradia

Nova regra elimina desigualdade entre contratos antigos e novos, ampliando o poder de compra e a segurança jurídica dos mutuários

Em uma decisão considerada histórica pelo setor imobiliário, o Conselho Curador do FGTS aprovou a liberação do uso do Fundo de Garantia para todos os financiamentos imobiliários dentro do novo teto de R$ 2,25 milhões, sem distinção entre contratos antigos ou recém-assinados. A mudança corrige uma distorção que vinha prejudicando milhares de consumidores desde a ampliação do limite do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), ocorrida recentemente.

Quando o teto do SFH foi elevado de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, a regra que permite o uso do FGTS não acompanhou a atualização. Na prática, isso criou um cenário de desigualdade: mutuários com contratos assinados antes da mudança podiam usar o FGTS, enquanto quem havia fechado o financiamento depois, mesmo dentro do novo teto, ficava impedido.

Isso gerou insegurança jurídica e prejudicou compradores em um momento de juros altos e imóveis com valores crescentes. Muitos consumidores ficaram travados por uma regra que simplesmente não dialogava com a realidade do mercado. Era incoerente permitir o FGTS para contratos antigos, mas impedir para aqueles assinados já com o novo teto vigente.

Com a decisão do Conselho Curador, o FGTS poderá ser usado para: compra do imóvel; amortização ou quitação parcial do saldo devedor; e redução temporária das parcelas. O mais importante é que a regra agora vale para todos os contratos, independentemente da data de assinatura, desde que o imóvel esteja dentro do limite de R$ 2,25 milhões.

As exigências tradicionais, como ter ao menos três anos de FGTS, não possuir outro financiamento ativo no SFH e adquirir imóvel para moradia própria, permanecem inalteradas.

Essa mudança tem efeito imediato e direto na vida dos compradores, especialmente da classe média, grupo mais afetado pelos preços elevados dos imóveis em grandes centros. O uso do FGTS pode reduzir o valor da entrada, diminuir parcelas e até encurtar o tempo total de financiamento.

O FGTS é um dos principais instrumentos de acesso à moradia no Brasil. Quando o trabalhador pode usar seu próprio recurso para diminuir o peso do financiamento, ele ganha poder de compra e mais segurança na tomada de decisão.

Além de beneficiar os consumidores, a decisão também deve movimentar o mercado imobiliário, aumentar a liquidez dos financiamentos e reduzir riscos para bancos. Essa medida traz justiça, previsibilidade e dinamismo. Todos ganham: o comprador, que finalmente pode usar o FGTS dentro do novo teto; o setor, que destrava operações; e o próprio sistema, que se torna mais coerente e funcional.

A liberação do FGTS para todos os financiamentos até R$ 2,25 milhões representa um alinhamento necessário entre legislação, prática de mercado e direitos do consumidor. Ao eliminar uma regra que criava desigualdade entre mutuários, a decisão fortalece o acesso à moradia, amplia o poder de compra das famílias e devolve segurança jurídica ao processo de financiamento no país.

D

Por Dra. Siglia Azevedo

Advogada, especialista em direito imobiliário, mestre em sistemas de resolução de conflitos, doutoranda em direito civil, referência em mediação de conflitos condominiais

Artigo de opinião

👁️ 98 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar