Elevator pitch: a chave para conquistar recrutadores em segundos no mercado aquecido

Como estruturar uma apresentação rápida e eficaz para se destacar nas seleções de fim de ano e garantir oportunidades em 2026

À medida que as áreas de Recursos Humanos (RH) fecham projeções de orçamento e desenham movimentos para o primeiro trimestre de 2026, cresce a urgência de decisões antecipadas de contratações. No fim do ano, um movimento tradicional se intensifica: o aumento de vagas temporárias para varejo, indústria e logística. A Confederação Nacional do Comércio projeta expansão nesse ciclo, impulsionada pela demanda sazonal e pela reorganização de equipes para 2026. Segundo a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), cerca de 535 mil postos temporários devem ser abertos entre outubro e dezembro de 2025, reforçando o aquecimento do mercado e a urgência de decisões rápidas.

Com mais empresas antecipando seleções, cresce o peso de interações rápidas, como conversas em eventos, reuniões curtas ou entrevistas de última hora, que funcionam como filtros iniciais para decidir quem avança nas etapas seguintes.

A clareza com que um profissional descreve o que faz, o problema que resolve e o impacto que gera se tornou central nessas decisões. Boa parte das oportunidades surge em interações breves. Quando o profissional consegue explicar seu papel de forma objetiva, ele reduz ruído e permite que o interlocutor avalie rapidamente sua aderência ao desafio.

O chamado elevator pitch surgiu no ambiente corporativo norte-americano com a ideia de que um profissional deveria ser capaz de apresentar sua proposta no tempo de uma curta viagem de elevador — geralmente de 30 a 60 segundos. A lógica permanece atual: tempo reduzido, atenção disputada e necessidade de clareza imediata.

No fim do ano, esse formato ganha função prática. Recrutadores e lideranças têm janelas limitadas para avaliar perfis; apresentações longas ou vagas tendem a dificultar o avanço do candidato. Sugere-se uma estrutura direta para o discurso: contextualização do problema, explicação objetiva da atuação e impacto mensurável do trabalho.

Quando você estrutura a própria trajetória dessa forma, facilita a leitura de valor. O interlocutor entende rapidamente se existe conexão com o que a empresa precisa naquele momento. Essa abordagem reduz significativamente o risco de interpretações imprecisas, frequentes em conversas informais ou sob pressão.

Com empresas antecipando decisões, a recomendação é que profissionais revisem sua apresentação curta e construam uma versão que destaque resultados verificáveis, seja com gestores, mentores ou colegas. Isso inclui traduzir atividades em efeitos concretos, organizar exemplos numéricos e ajustar a fala conforme o público.

Ainda que muitas contratações sejam formalizadas apenas em 2026, grande parte das escolhas é feita agora. Estar preparado para conversas rápidas aumenta a chance de entrar no radar.

O objetivo do elevator pitch não é decorar falas prontas, mas apresentar uma síntese clara da atuação. É um exercício de precisão. Em ambientes com muitas demandas e pouco tempo, quem comunica de forma direta é compreendido mais rapidamente — e isso facilita qualquer encaminhamento. Algumas práticas aumentam a efetividade:

1- Adapte ao seu público: o mesmo pitch pode não funcionar para um CEO ou para um gerente de RH. Tenha versões diferentes e ajuste a linguagem e o foco conforme o interlocutor.

2- Seja autêntico: a estrutura é um guia, não um roteiro fixo. Treine em voz alta, grave-se e fale com naturalidade. A energia e a paixão pelo que você faz são percebidas e valorizadas.

3- Inclua uma chamada para ação: o pitch deve iniciar uma conversa. Termine com uma pergunta aberta ou um convite, como: “gostaria de saber mais sobre como aplico isso na prática?” ou “como vocês costumam lidar com esse tipo de desafio aqui?”.

Saber se vender não é arrogância, mas clareza e confiança. É respeitar o tempo do outro e valorizar a própria trajetória. O desafio agora é pegar um papel, desenhar seu elevator pitch, refinar, treinar e estar pronto para a próxima oportunidade. Ela pode estar a apenas uma viagem de elevador de distância.

V

Por Virgilio Marques dos Santos

sócio-fundador da FM2S, gestor de carreiras, PhD, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, Master Black Belt pela Unicamp, autor do livro "Partiu Carreira", TEDx Speaker, ex-professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp e outras instituições, ex-gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas, idealizador do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica

Artigo de opinião

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